Nuno Cardoso afirmou hoje que a comunicação social dá mais destaque «à corte de Lisboa», em detrimento do resto do país, designadamente o norte. Arons de Carvalho pensa que essa é uma opinião «um pouco regionalista».
Nuno Cardoso acusou hoje a comunicação social de não ligar à sociedade em geral, dando apenas voz «à corte de Lisboa». Na opinião do presidente da Câmara Municipal do Porto, por causa desta atitude dos media, «as outras pessoas têm muita dificuldade em se exprimir».
Segundo Nuno Cardoso, que falava num colóquio sobre audiovisual europeu promovido pela Faculdade de Engenharia do Porto, «parece» que os chamados líderes são pessoas iluminadas e todos de Lisboa. «São essas pessoas iluminadas que fazem essa corte», afirmou, defendedo que o «país precisa de mais diversidade».
«É preciso que haja mais voz e mais opiniões sobre o estado do país», alertou, já que Portugal é «composto de uma riqueza muito grande, desde o Algarve a Trás-os-Montes».
Aludindo à televisão, o autarca portuense afirmou que é «evidente que fica muito mais barato é é muito mais fácil reproduzir a opinião dessa corte».
«Dá a ideia que há um deserto no país e que as únicas cabeças pensantes estão em Lisboa». Por esta razão, o autarca realçou a importância que terá a TV/Porto, que vai «permitir à cidade comunicar e dar outras visões do país».
O Porto, explicou Cardoso, tem «tradicionalmente criadores que são o melhor que há no país, mas a opinião dessas pessoas não se vê», uma lacuna que deverá ser preenchida pela TV/Porto.
Na mesma ocasião, o secretário de Estado da Comunicação social, Arons de Carvalho, considerou as declarações de Nuno Cardoso «um pouco regionalistas».
No entanto, admitiu que «de facto, se dá uma excessiva atenção ao que se passa em Lisboa», apesar de achar que essa atitude pode ser contrariada pelos órgãos de comunicação locais»