A influência da programação televisiva na formação das crianças sempre foi um assunto polémico. Um estudo recente mostra que são as próprias crianças que seleccionam a informação que retiram dos programas televisivos.
Desde há algum tempo que se questiona qual a possível influência da programação televisiva na formação das crianças, mas um estudo recente mostra que as crianças são mais selectivas do que parecem, quanto à informação que retiram dos programas televisivos.
Segundo a CNN, o estudo brasileiro, realizado pelo Laboratório de Pesquisas sobre Infância, Imaginário e Comunicação da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, mostrou que as crianças não são receptoras passivas da programação televisiva.
As crianças recebem, seleccionam o que lhes interessa, e retiram a mensagem com alguma criatividade. Afinal, a televisão é apenas um dos mediadores sociais que as formam, já que a estrutura familiar exerce uma influência muito maior, de acordo com o estudo «O desenho animado na TV: mitos, símbolos e metáforas».
A escola, a religião, o grupo de amigos também fazem parte da formação da criança que, além disso, recebe a influência de toda a comunicação social, da qual a televisão é apenas uma parte, conforme afirmou a coordenadora da pesquisa, Elza Dias Pacheco.
«Pais e professores têm um papel fundamental na construção de um olhar crítico das crianças relativamente ao que vêm na televisão. Eles devem fazer desse meio de comunicação um elemento de desenvolvimento emocional, intelectual e cognitivo», acrescentou a coordenadora.
A selecção da informação
Em pesquisa anterior, também realizada pelo LAPIC, revelou que os pais parecem ter medo do que a televisão possa estimular às crianças. E quanto aos professores, não sabem trabalhar com a linguagem televisiva, já que isso iria exigir que a escola assumisse um papel educativo nessa área, ao ensinar o aluno a fazer uma leitura crítica desse veículo de comunicação.
Partindo do pressuposto de que as crianças assistem a desenhos animados e que gostam bastante deles, um dos objectivos da pesquisa foi verificar de que forma a escola e a família podem converter isso em desenvolvimento cognitivo e emocional.
A pesquisa feita em cinco parques da cidade de São Paulo, em Janeiro de 1999, abrangeu 311 crianças que diziam quais os seus desenhos animados preferidos, descreviam as personagens e explicavam porque gostavam desses desenhos. As respostas foram, em seguida, analisadas e comparadas com o conteúdo e personagens dos desenhos.
Uma das conclusões a que chegaram os pesquisadores é que não há uma relação de causa e efeito entre a violência televisiva e os comportamentos anti-sociais das crianças, informou a Agência Brasil.
Também, segundo os investigadores, não se sustenta a ideia de que uma boa televisão infantil não deva ter sexo, nem violência. Na opinião dos peritos, essas são visões redutoras da realidade.