As populações de Souselas e Outão serão chamadas a fazer análises sanguíneas e entrevistas. O presidente do Grupo de Trabalho Médico criado no âmbito do processo de co-incineração explicou que este é o segundo passo, depois da tomada de decisão política.
As populações de Souselas e Outão serão chamadas a dar o seu contributo voluntário antes mesmo de começar a co-incineração, participando em análises sanguíneas e em entrevistas.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do Grupo de Trabalho Médico criado no âmbito do processo de co-incineração explicou que o segundo passo, depois da tomada de decisão política de avançar com a queima de resíduos industriais perigosos nos fornos das cimenteiras, é a vigilância epidemiológica e monitorização do estado de saúde das populações de Souselas, Outão e de um grupo de pessoas que vivam em locais afastados daqueles.
Antes do processo de co-incineração avançar, deverá ser feita a «radiografia» da saúde das populações de Souselas e Outão, o que implica um número reduzido de meios humanos e de recursos.
O mesmo já não acontece com o processo de monitorização e vigilância epidemiológica, que será um processo a funcionar de forma contínua e «mais complicado».
Este levantamento inicial permitirá depois estabelecer comparações com os dados apurados no período pós-co-incineração.
De acordo com Henrique Pinto Barros, a vigilância epidemiológica e a monitorização do estado de saúde da população fazem parte de um conjunto de medidas preventivas e assenta, sempre que possível, em mensurações objectivas.
Implica a constituição de várias equipas de saúde, coordenadas pela Comissão Científica Independente.
A monitorização não é um processo inédito, diz, visto que está já a ser efectuado, por exemplo, na cidade do Porto.
Actualmente, é possível fazer estas medições de forma directa e monitorizar através de amostras formadas por pessoas escolhidas aleatoriamente.
Depois é preciso saber se quem foi seleccionado aceita participar, já que se trata de um processo voluntário.
Em análise não irão estar só as pessoas das zonas envolventes das cimenteiras a fazer co-incineração, mas também indivíduos de outras localidades. O objectivo é fazer depois a comparação.
A monitorização permite recolher dois tipos de informação: uma mais de rotina e outra mais activa. A primeira consiste em registos estatísticos de saúde que já
existem, como o peso com que as crianças nascem e malformações congénitas.
A segunda permite saber qual o tipo de vida das pessoas, por exemplo, se fumam ou se praticam exercício físico, já que se trata de factores que modificam a possibilidade de adoecer.
Haverá ainda análise do sangue e do leite materno, duas fontes importantes para avaliar o grau de exposição aos poluentes orgânicos e aos metais.
A par da monitorização ambiental, que implica medir as emissões para a atmosfera e nos solos, deverá existirá também a monitorização da saúde, onde serão chamados a colaborar diversos organismos como escolas médicas e universidades.
À CCI cabe a responsabilidade de garantir que este trabalho é feito.
Henrique Barros faz questão de frisar que estas normas e regras continuarão a ter de ser respeitadas em plena fase de co-incineração.
Para garantir que tal acontece, estão previstos seis tipos diferentes de controlos: na adjudicação do tratamento de resíduos, a nível da empresa que recebe e transporta os RIP, das cimenteiras, do Ministério do Ambiente, de laboratórios externos, nacionais e internacionais, que efectuam periodicamente análises e ainda o controlo feito pelos representantes da autoridade de saúde pública e das populações de Souselas e Outão.