A poucos dias de terminar o Ano Mundial da Matemática, a TSF fez o balanço e muitas contas. A secretária de Estado da Educação reconhece que «foi um ano bem sucedido», mas a realidade continua a ser preocupante.
Pouco falta para terminar o Ano Mundial da Matemática e, por isso, a TSF deixou de lado a calculadora e procurou fazer contas de cabeça sobre a realidade da disciplina no país.
Cerca de 90 escolas portuguesas, acompanhadas pelo Ministério da Educação, resolveram colaborar nas iniciativas que a União Internacional dos Matemáticos propôs para celebrar o ano da disciplina mal-amada.
«Um ano bem sucedido»
Ana Benavente, secretária de Estado da Educação reconhece que as iniciativas correram muito bem, mas defende que a polémica disciplina vai continuar a centrar as atenções.
«Foi um ano bem sucedido, tendo em conta que há uma série de medidas que estão em curso relativas à Matemática, tanto no básico como no secundário, para melhorar o modo como se ensina e se aprende (...). Este Ano Mundial da Matemática veio trazer um alento, mas também uma atenção da própria opinião pública e uma dinâmica às escolas em torno de projectos», considerou.
«Nós organizámos cinco semanas temáticas, uma em cada direcção regional, em torno da Matemática (...) com produções das escolas, sempre com muita imaginação e com modos novos, muito fundamentados e conseguidos para ensinar e aprender Matemática. Apoiámos outras iniciativas, nomeadamente da Associação de Professores de Matemática e de outras instituições», enumerou Ana Benavente.
Matemática: «uma ciência muito sequencial»
A Sociedade Portuguesa da Matemática foi uma das entidades que acompanhou de perto o que as várias escolas foram produzindo. Graciano Neves de Oliveira explicou à TSF alguns dos motivos que levam a Matemática a multiplicar cada vez mais uma fama, que já vem de há muito.
«A Matemática tem uma característica que a diferencia dos outros ramos do conhecimento (...). É uma ciência muito mais sequencial do que as outras, neste sentido: é muito mais difícil (...) estudar qualquer assunto de Matemática começando num livro na página 30 (...)» porque «está tudo muito mais dependente de conhecimentos anteriores, do que nos outros ramos», referiu.
«Por exemplo, um estudante , se num determinado ano não adquire conhecimentos e passa, continua para matérias mais avançadas e fica completamente perdido», defende Graciano Neves de Oliveira.
«Sem esforço e sem atender à grande sequencialidade que existe na Matemática (...) é impossível», conclui.