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Medição de dioxinas não é suficiente

A medição das dioxinas à saída das incineradoras e, futuramente, nas cimenteiras de Souselas e Outão, é deficiente e não dá garantias para a protecção da saúde pública, denuncia a associação ambientalista Quercus.

A Quercus denuncia que a medição das dioxinas à saída das incineradoras, e posteriormente, nas cimenteiras de Souselas e Outão, não são suficientes e não dão garantias para a protecção da saúde pública.

As dioxinas, um dos poluentes mais tóxicos que existe, são carcinogénicas e a sua acção faz-se sentir mesmo em concentrações muito reduzidas, não havendo um limite mínimo abaixo do qual essa consequência não se faça sentir, sustenta a Quercus com base em estudos da USEPA, Agência de Protecção Ambiental dos Estados Unidos.

Entre as principais fontes da emissão de dioxinas, encontram-se as incineradoras de resíduos, como a Valorsul, na Grande Lisboa e a LIPOR no Grande Porto, e as cimenteiras encarregadas da co-incineração de resíduos industriais perigosos.

A emissão maior ou menor de dioxinas, depende do controlo de operação dessas incineradoras e do tratamento de gases existente, refere a Quercus, lembrando que as incineradoras de resíduos hospitalares, que têm vindo a ser encerradas em Portugal, têm sido confirmadas como um das principais fontes de emissão.

As incineradoras de resíduos urbanos existentes em Lisboa e Porto, são à partida, importantes fontes de dioxinas, apesar do controlo que é feito. No futuro, «a co-incineração constituirá mais uma fonte potencial deste tipo de compostos», garante a associação ambientalista.

Rui Berkmeier, da Quercus, disse à Lusa que as medições exigidas pela lei não traduzem «de forma alguma», a realidade em termos de emissões de dioxinas, uma vez que a colheita de amostras é feita «só e apenas, quando tudo está a funcionar bem na queima e num período limitado de horas».

Na prática, são efectuadas recolhas e medições «apenas algumas vezes por ano, em geral duas, e em todo o resto do tempo nada é medido», denuncia a Quercus. Assim, e apesar de se considerar que a lei é cumprida, o «impacte na saúde pública pode ser grande», refere a associação ambientalista.

A Quercus diz ter informação de que tecnologicamente, já é possível fazer a recolha em contínuo e durante toda a operação das incineradoras, tendo-se assim uma imagem mais objectiva do total de dioxinas que são realmente emitidas para a atmosfera.

Rui Berkmeier garante que estes instrumentos de recolha já estão presentes «em várias unidades de outros países, nomeadamente na Alemanha».

A bem da saúde pública e da transparência dos impactes ambientais, a Quercus defende que, voluntariamente ou por exigência do ministério do Ambiente, as dioxinas comecem a ser medidas continuamente nas incineradoras Valorsul e LIPOR e nas cimenteiras que vão co-incinerar resíduos industriais perigosos.

Redação