O presidente da CEAL, José Vitorino, apontou hoje a inexistência de uma Região Administrativa do Algarve como a «pior de todas as desgraças do século XX».
«Aconteceu-nos no século XX a pior de todas as desgraças: não se ter criado a Região Administrativa do Algarve, que permitiria mais força e um Plano de Desenvolvimento para a região», disse José Vitorino, que falava numa conferência de imprensa em Faro.
Na opinião do dirigente empresarial, «os algarvios queriam-na esmagadoramente e todos os portugueses com ela concordavam, mas a embrulhada do debate nacional roubou-nos esse instrumento fundamental de desenvolvimento».
Falando ainda sobre a Regionalização, José Vitorino sublinhou que os algarvios «não podem baixar os braços» e têm que «continuar a lutar por ela e descobrir novos caminhos».
Nesse contexto, o presidente da CEAL voltou hoje a defender a criação da Região Administrativa Piloto do Algarve.
E isto porque, segundo disse, «serve o Algarve e cria condições para que seja retomado a prazo o processo de Regionalização a nível nacional, nessa altura já com uma experiência em cima da mesa».
«É preciso ter em conta que o problema nuclear do referendo da Regionalização foi ter-se instalado no país a confusão, sem ninguém saber em concreto em que tipo de modelo ia votar e o que ia acontecer», sustentou Vitorino.
O presidente da confederação empresarial algarvia disse ainda estar convencido de que será possível conseguir-se uma unanimidade regional em torno da criação da Região Piloto do Algarve.
Entretanto, até lá, a CEAL propõe uma «profunda transformação» ao nível da Comissão de Coordenação da Região do Algarve (CCRAL), sugerindo a atribuição de competências mais alargadas e uma nova orgânica.
Assim, sugere que o novo modelo da CCRAL assente num conselho de administração, numa comissão executiva e num conselho económico e social, este último funcionado como órgão consultivo.
Segundo a proposta da CEAL, no conselho de administração terão assento representantes do poder local e dos principais parceiros sociais, assim como representantes indicados pelo Governo. Terá um máximo de 11/12 membros, que não serão remunerados.
Na conferência de imprensa onde fez o balanço do ano que agora termina, José Vitorino defendeu a criação dos novos ministérios das Comunidades, do Turismo e do Mar, áreas que considera estratégicas para o desenvolvimento do país.
A ligação ferroviária de alta velocidade à Andaluzia espanhola, a concretização da auto-estrada Algarve/Lisboa e a prossecução da Via do Infante até Lagos, no Barlavento algarvio, foram alguns dos anseios da CEAL para o futuro, ao defender uma região que se imponha pela «excelência».