Os ambientalistas portugueses apresentaram uma queixa contra o estado português a Bruxelas, devido à construção da Auto-Estrada do Sul (A2). O Ministério do Ambiente afirma que as acusações não têm razão de ser.
A construção da Auto-estrada do Sul (A2) - que deverá ligar Lisboa ao Algarve, atravessando o Baixo Alentejo - voltou a resultar numa queixa das organizações ambientalistas portuguesas à Comissão Europeia, por desrespeito da «Directiva Habitats».
A LPN, a Quercus e o GEOTA apresentaram uma queixa em Bruxelas contra o Estado português, pois a A2 atravessa paisagens que «integram a lista nacional da Rede Natura 2000, nomeadamente nos sítios do Barrocal, Ribeira de Quarteira e Caldeirão», disse Helena Freitas presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Estas áreas «integram valores naturais únicos no contexto nacional e internacional. São, por exemplo, habitats de várias espécies de morcegos protegidas pelas convenções de Berna e Bona, do lince ibérico que é uma espécie rara, para além de várias espécies Florestais», esclareceu a dirigente ambientalista.
Segundo Helena Freitas, «tudo seria menos prejudicial se fosse aceite uma proposta apresentada em 1998 que contemplava um traçado da A2 paralelo ao IP 1 na zona do Barrocal, evitando assim o atravessamento das três áreas com consequências imprevisíveis para o meio ambiente
O Ministério do Ambiente, afirma que os argumentos dos ecologistas não têm qualquer razão de existir pois estão ultrapassados pelo Estudo de Impacte Ambiental». Mas a verdade é que «a ex-ministra do Ambiente Elisa Ferreira tinha garantido que a A2 não atravessaria o Caldeirão», disse a presidente da LPN.
No caso do Caldeirão, afirma o ministério que a A2 «apenas intercepta uma zona marginal de limitada expressão de interesse conversacionista» e «relativamente ao Barrocal não há afectação directa de espécies e habitats, havendo até uma redução dos impactos residuais». O ministério garante ainda que a A2 «não atinge a Ribeira de Quarteira».
Esta não é primeira queixa de organizações ambientalistas nacionais contra o Estado português em virtude do traçado da A2. Anteriormente os ecologistas acusaram o Governo de violar a mesma directiva relativamente ao atravessamento da Zona de Protecção Especial de Castro Verde.
O Estado português, segundo Helena Freitas, foi já notificado desta queixa, facto negado pelo Ministério do Ambiente que afirma que Bruxelas «apenas pediu esclarecimentos».