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FDA quer retirar vacinas de origem bovina

A agência governamental dos EUA para os medicamentos e a alimentação, a FDA, recomendou a não utilização de vacinas feitas com produtos de origem bovina. Mas segundo estudos da UE não há motivo para preocupações.

A FDA, agência governamental dos Estados Unidos para os medicamentos e a alimentação, recomendou hoje, sexta-feira, a não utilização de vacinas feitas com produtos de origem bovina provenientes de países com casos de BSE.

A agência reconhece, no entanto, «não existir evidência de que qualquer caso da variante humana da doença esteja relacionado com vacinas».

Em Lisboa, o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) comentou a recomendação e afirma que «com base nos conhecimentos científicos actuais não se encontra demonstrado qualquer risco no uso de vacinas produzidas com materiais de origem bovina».

A recomendação da FDA, disponível no «site» da agência, é dirigida aos produtores de vacinas e aconselha a que deixem de ser empregues - tanto na constituição de vacinas, como ao longo da sua cadeia de produção - materiais de origem bovina provenientes de países considerados de Risco, na transmissão de BSE, pela Agência Americana para a Agricultura. Nesta lista estão todos os países europeus.

A decisão, que poderá ser cumprida até ao fim de 2001, é justificada pela FDA como «uma medida de precaução destinada a minimizar mesmo um risco remoto de transmissão da nova variante da Doença de Creuzfeldt-Jakob (DCJ) através das vacinas».

A nova variante da DCJ, por apresentar sintomas diferentes da DCJ clássica e afectar não apenas idosos mas também jovens adultos, tem sido encarada como resultante da transmissão da BSE (Encefalopatia Espongiforme Bovina) para o Homem.

União Europeia diz não haver «risco de transmissão»

Quanto ao uso de materiais de origem bovina em vacinas, e de acordo com declarações à Lusa do vice-presidente do Infarmed, Rogério Gaspar, estes são «muito utilizados, quer como estabilizadores [do princípio activo da vacina], quer ao longo da cadeia de produção» da mesma.

De acordo com a nota à imprensa do Infarmed, um estudo europeu recentemente realizado «sobre todas as vacinas distribuídas no espaço económico europeu» - com avaliação da origem dos materiais bovinos, origem dos tecidos envolvidos e dos métodos de fabrico aplicados - permitiu concluir que as vacinas estudadas não representam «risco de transmissão» da nova variante da DCJ.

Segundo o Infarmed, está a ser aplicada uma directiva europeia, já transposta para Portugal, que obriga ao cumprimento de normas sobre a minimização de risco de transmissão dos agentes das encefalopatias espongiformes animais através de medicamentos.

Face a isto, o Infarmed alerta ainda para a necessidade de não serem interrompidos os programas de vacinação, pois «o risco decorrente da sua suspensão ou alteração ultrapassa largamente o eventual risco teórico que poderia decorrer do uso destes materiais».

Redação