A Associação do Ambiente de Souselas espera realizar, junto à Câmara de Coimbra, uma «forte manifestação de repulsa» contra a co-incineração. O padre de Sousela e o Bispo de Coimbra apoiam a causa dos manifestantes.
A Associação de Defesa do Ambiente de Souselas (ADAS) espera reunir hoje à noite, domingo, junto da Câmara de Coimbra várias dezenas de souselenses, numa «forte manifestação de repulsa» contra a decisão de queimar resíduos na cimenteira local.
«Estou muito entusiasmado: foi uma iniciativa pedida pela população e a ADAS limitou-se a organizar», afirmou hoje à Lusa o presidente da associação, Joaquim Gonçalves, que teme apenas algumas desistências devido ao mau tempo.
Além dos habitantes da vila, são esperadas também outros manifestantes, mobilizados pelas instituições que integram a Comissão de Luta contra a Co-incineração, nomeadamente a associação cívica Pro Urbe, a Junta de Freguesia de Souselas, a Quercus, o Sindicato dos Professores da Região Centro, a União dos Sindicatos, o Diário de Coimbra e o Grupo Ecológico da Associação Académica de Coimbra.
Os que se deslocarem hoje aos paços do município terão que abdicar do
conforto de uma consoada no lar por uma noite de Natal sujeita à chuva e ao frio. Mesmo assim, não vão faltar algumas das tradicionais guloseimas da quadra, que serão confeccionadas no local.
De acordo com o presidente da ADAS, o padre de Souselas, Manuel Carvalheira, adiou a realização da Missa do Galo para a manhã do dia
de Natal, a fim de permitir a participação dos habitantes na vigília e consoada.
Durante a iniciativa, vão ser expostos cartazes e fotografias ampliadas dos acidentes laborais que se têm verificado na fábrica de cimento de Souselas, e distribuídos panfletos.
«Não aceito que seja pedida mais solidariedade a Souselas. A fábrica produz cimento há 30 anos e Portugal nunca foi solidário", sublinhou Joaquim Gonçalves, referindo-se aos problemas ambientais que afectam a localidade devido ao funcionamento da unidade fabril.
Na perspectiva do presidente da Associação de Defesa do Ambiente, a opção do pároco de Souselas de adiar a Missa do Galo e a posição do Bispo de Coimbra - que criticou duramente o governo - reforça a contestação que tem sido movida contra a decisão do executivo de queimar resíduos industriais perigosos na fábrica de cimento local.
A ADAS pediu ao presidente da Assembleia Municipal de Coimbra a
realização de uma reunião urgente para discutir a co-incineração, tendo aquele concordado em incluir a matéria na ordem de trabalhos da
próxima sessão, marcada para sexta-feira.