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Administração da Somincor disponível para dialogar

A administração da Somincor reiterou hoje a disponibilidade para dialogar, desde que não esteja pressionada por qualquer greve, e denunciou a prática de actos que visam «prejudicar o funcionamento» de equipamentos das minas de Neves Corvo.

Em comunicado interno, a que a Lusa teve acesso, a administração da Somincor informou os trabalhadores que «tem sido reiterada, a todos os níveis, a disponibilidade para dialogar, desde que não haja qualquer greve ou pré-aviso de greve pendente».

Os mineiros da empresa cumprem hoje o 15º de greve por tempo indeterminado, com uma adesão que o sindicato da classe calcula em cerca de 90 por cento.

«Não aceitando esta proposta, os dirigentes sindicais têm tentado influenciar a Opinião Pública, criando uma imagem externa negativa da empresa», pode ler-se no documento, onde a administração anuncia ainda a publicação, em jornais nacionais e regionais, de um esclarecimento sobre o conflito laboral que dura desde o dia 13 deste mês.

No mesmo comunicado, a Somincor refere «actos deliberados, abusivos e dolosos», praticados durante o período de greve, e assume que tenciona «actuar contra quem os praticou».

«Importa notar que, no decurso da greve, têm sido praticados actos tendentes a prejudicar o funcionamento de equipamentos: foram cortados, com alicate, os cabos do comando do pórtico que transfere os contentores dos camiões para o comboio (...) Ainda ontem (quarta-feira), uma das válvulas de alimentação de óleo do motor-redutor do moinho de barras da lavaria foi fechada, provocando uma avaria grave», garante a administração.

Contactado pela Lusa, Eduardo Lázaro, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM), estranhou o comunicado da

administração, uma vez que, disse, o pórtico «há muito que está vigiado pela GNR».

«O moinho funciona em zona de acesso restrito e onde as pessoas do piquete de greve estão impedidas de entrar», acrescentou.

Os trabalhadores das minas de Neves Corvo reivindicam aumentos salariais, melhores condições de trabalho e o arquivamento de processos disciplinares contra 219 trabalhadores.

O piquete de greve mantém-se junto à entrada da mina desde o primeiro dia da paralisação, tal como se mantém a presença da GNR, assegurando a circulação rodoviária e a saída de mínério por via férrea.