"Quem paga um Lamborghini tanto tem esse dinheiro com crise ou sem crise", afirma Pedro de Almeida em entrevista ao Vida do Dinheiro (da TSF e do Dinheiro Vivo).
Com crise ou sem crise, os carros de luxo vendem quase sempre bem. A explicação, para o administrador executivo da SIVA é simples: "quem tem dinheiro tanto consegue comprar um carro de luxo durante a crise como fora dela".
Na crise assistimos à queda na venda de automóveis em geral, mas a um crescimento no segmento de luxo. O que vende a SIVA independentemente dos ciclos económicos?
Nos carros de luxo, temos um departamento que é a divisão das marcas de luxo, da Bentley e da Lamborghini, e esse é talvez o exemplo extremo para explicar essa realidade, em que o número de carros vendidos por ano é muito baixo, entre dez e 15 carros dessas marcas. Se se vender 15 em vez de dez é um crescimento de 50%. Como avaliamos o crescimento por percentuais, mais um ou dois carros é logo um percentual muito maior. Essa é uma das razões pelas quais as marcas premium apresentam crescimentos maiores. E quem tem dinheiro para um Bentley ou um Lamborghini tem esse mesmo dinheiro com crise ou sem crise.
Os portugueses terão aprendido com a crise? Podemos voltar ao excesso de crédito de alto risco?
Isso é fazer futurologia e psicologia. Acho que aprenderam, agora por quantos anos essa aprendizagem vai ter impacto no dia-a-dia, não sei. Se a economia continuar a crescer e a haver mais crédito, não sei se daqui a cinco anos não esquecemos o que se passou há dez.
As marcas estão mais cautelosas quando atribuem crédito para financiar a compra de carro?
Hoje há mais restrição do que havia em 2007 ou 2008, mas menos do que havia há três anos.
Em Portugal assistimos ao desaparecimento de representantes e distribuidores de marcas, como Seat e BMW, que importam e distribuem diretamente. Pode acontecer o mesmo à SIVA? É esse o caminho?
Confio muito que a SIVA vai manter, por muitos e bons anos, a importação das marcas que representa hoje em Portugal. Por duas razões: primeiro, porque acredito no nosso trabalho, na forma como tratamos os clientes e os produtos, e isso é reconhecido pelas fábricas. A SIVA faz 30 anos neste ano, desde então que representa a Volkswagen (VW) em Portugal e sempre desenvolveu um bom trabalho, com boa relação com as fábricas. Isso é um ativo nosso muito importante para mantermos a ativação das marcas em Portugal. Segundo, porque a estratégia do grupo VW, como um todo, não indica uma mudança efetiva de um caminho de, em países que não os maiores da Europa, ter uma operação própria e direta.