Economia

SIVA acusa: "DECO não me merece crédito"

Reinaldo Rodrigues / Global Imagens

A polémica sobre as emissões fraudulentas dos veículos conhece mais um capítulo. O administrador executivo da SIVA acusa a DECO de fazer testes "em três carros" o que "não merece crédito".

Depois da fraude das emissões descoberta na Volkswagen, que afetou 11 milhões de carros, a marca foi obrigada a reparar esses veículos. Mas em Portugal, a DECO já veio dizer que, mesmo depois de irem à oficina, muitos desses carros continuam na mesma. O administrador executivo da SIVA, representante da Volkswagen em Portugal, no programa Vida do Dinheiro (da TSF e do Dinheiro Vivo) desmente e diz que não reconhece autoridade ou crédito à DECO para fazer tais afirmações.

O dieselgate [escândalo das emissões poluentes] da VW ainda penaliza as vendas em Portugal?

É difícil de valorizar isso, nas nossas vendas já não se reflete, mas reflete-se na nossa atividade. O dieselgate teve impactos em todos nós, no grupo VW a nível mundial e nas marcas, relacionado com vendas, posicionamento. E as marcas sofreram, perderam força. Força essa que foi já praticamente recuperada, por isso digo que o impacto nas vendas deve ser baixo. Depois houve o impacto de dinheiro, do custo no próprio grupo.

Qual foi o custo desta operação?

Nos EUA, onde o custo é maior, oito mil milhões de dólares. Há ainda o impacto que este problema teve no ego das pessoas do grupo VW e no próprio povo alemão. As pessoas ficaram completamente derrotadas. Olhando para o lado positivo, é que agora o grupo VW, por causa disso, quer ser líder em tendências tecnológicas do setor e fazer esforços para liderar no digital, na conectividade, nos elétricos, etc. Isso pode acabar por trazer bons resultado.

E a responsabilidade criminal que está por apurar...

Exatamente. E há o impacto nas oficinas dos nossos concessionários que chamam no dia-a-dia carros para fazer essas alterações.

Em abril, a Deco voltou a insistir que se verificava um aumento de emissões poluentes nos carros da VW testados, mesmo depois da intervenção obrigatória que acabou de referir. E estamos a falar de onze milhões de automóveis só na Europa...

O número é dessa ordem de grandeza. Isso é um comentário da Deco, que terá de o provar.

A Deco merece-lhe crédito?

Não merece crédito enquanto não demonstrar que os carros de facto emitem mais e não merece mais crédito do que a KBA, que é a entidade alemã que faz a homologação dos carros das marcas que representamos, neste caso da VW e da Audi. À Skoda, quem faz a homologação é uma entidade inglesa chamada VCA, e essa entidade merece-me mais credibilidade do que qualquer associação de defesa dos consumidores que poderá ter feito os testes em três carros e não os ter feito de forma correta. E essas entidades que fazem a homologação dos carros fazem também a homologação da intervenção técnica e aprovaram que a intervenção técnica que está a ser feitas nos carros VW, Audi e Skoda não altera os níveis de CO2, não altera o consumo, não altera o barulho, não altera a potência, não altera o binário e não altera o tempo de vida do motor. Essas entidades, sim, merecem credibilidade, porque estão certificadas para avaliar as intervenções que são feitas nos carros.

Com base nessas entidades, está em condições de garantir que todos os clientes VW cujos carros foram intervencionados têm, de facto, o problema corrigido?

Estão de facto com o problema corrigido, a não ser que a intervenção seja mal feita, o que é pouco provável, porque é uma intervenção puramente de software.

Disse que a VW quer liderar nos elétricos. Como é que a SIVA entra nesta equação?

A SIVA continua a desempenhar um papel... de forte mudança. Continuará a desempenhar um papel fundamental, porque apesar das conectividades do digital, precisamos de falar com os clientes e olhar para eles, não vamos ser robôs, e a presença local de distribuidores de carros, fisicamente, continua a ser fundamental.

Nos elétricos, que crescimento espera em 2017-2018?

Em 2021 entra em vigor uma nova regra para o limite de emissões, que é medido marca a marca, em função dos carros que vendem na Europa. A redução vai ser de 130 g/km para 95 g/km e não é possível essa redução se não houver um percentual significativo de carros elétricos a serem vendidos. E significativo será de 10% a 20%.