Presidente do IPMA diz que é preciso reanalisar todos os dados e "podem existir conclusões que hoje nos parecem óbvias que daqui a uns dias não serão certas..."
Um relâmpago dar origem a um incêndio florestal é algo relativamente comum. Aquilo que os meteorologistas e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ainda não conseguiram perceber ao certo é como é que o incêndio que nasceu em Pedrógão Grande se propagou tão rapidamente ao ponto de matar e ferir dezenas de pessoas apanhadas desprevenidas com a evolução das chamas.
Costa Alves fala mesmo num "mistério" e num verdadeiro "enigma" para o qual ainda não conseguiu encontrar explicação nos dados que estão disponíveis.
O experiente meteorologista diz que não é possível dizer, por agora, que condições especiais existiam naquela zona a nível meteorológico que permitiram uma expansão ascendente e descendente do ar e do fogo a uma velocidade e dimensão difícil de imaginar devido às diferenças de temperatura entre os níveis baixos e altos da atmosfera".
"É esse o enigma que temos de tentar explicar", afirma, dizendo que o que aconteceu ali foi o chamado "efeito chaminé, uma célula de convecção, muito mais vasta e larga...".
O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) também admite que aquilo que se passou em Pedrógão Grande e na EN236, conhecida como a Estrada da Morte, ainda é um mistério e sublinha que é preciso reanalisar todos os dados, "podendo existir conclusões que hoje nos parecem óbvias que daqui a uns dias não são certas..."
Miguel Miranda está a pensar sobretudo nas dúvidas sobre a interação entre a atmosfera e o solo que deu origem e permitiu a propagação do incêndio.
"É preciso", diz, "esperar um pouco, reavaliar tudo, reavaliar no terreno e ainda não estamos nessa altura pois o essencial é parar o fogo".
Recorde-se que o primeiro-ministro definiu a questão meteorológica como fundamental para esclarecer o que aconteceu no incêndio mais mortal da história portuguesa.
António Costa quer saber se "houve no local circunstâncias meteorológicas e dinâmicas geofísicas invulgares que possam explicar a dimensão e intensidade da tragédia, em especial no número de vítimas humanas, sem paralelo nas ocorrências de incêndios florestais".