O economista Miguel Beleza, ministro das Finanças do XI Governo Constitucional liderado por Cavaco Silva, morreu em Lisboa aos 67 anos.
De acordo com fonte próxima da família, citada pela agência Lusa, Miguel Beleza foi vítima de paragem cardiorrespiratória.
Enquanto esteve à frente da pasta das Finanças, Miguel Beleza impulsionou a criação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e colaborou no processo de adesão de Portugal à União Económica e Monetária.
Miguel Beleza, além de Ministro das Finanças em 1991, foi depois Governador do Banco de Portugal (1992-1994).
No Banco de Portugal foi também Técnico Assessor e Técnico Consultor (1979-87) e Administrador (1987-90) Economista. Foi ainda membro do Conselho Consultivo do Banco de Portugal.
Como Governador do Banco de Portugal, geriu a desvalorização do escudo durante as perturbações cambiais de 1992 a 1993, causada pela agitação dos mercados financeiros, que se refletiu no Sistema Monetário Europeu.
Foi o primeiro gestor, na instituição, da permanência do escudo no Sistema Monetário Europeu.
Professor Catedrático, Economista do FMI (1984-87), Consultor e Diretor da Revista Economia da Universidade Católica Portuguesa.
O antigo colega de governo, Silva Peneda (ministro do Emprego quando Miguel Beleza ocupava a pasta das Finanças) foi apanhado de surpresa com a notícia e diz guardar uma "boa recordação" deste "homem educado".
Nascido em Coimbra, a 28 de abril de 1950, filho de José Júlio Pizarro Beleza e de Maria dos Prazeres Lançarote Couceiro da Costa, Luís Miguel Couceiro Pizarro Beleza era irmão de Leonor Beleza, ex-ministra da Saúde e presidente da Fundação Champalimaud, e da juiza Teresa Pizarro Beleza e de José Manuel Beleza.
Miguel Beleza licenciou-se em económicas em 1972, pelo Instituto Superior de Economia (ISE) de Lisboa e doutorou-se em Economia pelo Massachussetts Institute of Technology (MIT) e pela Universidade Nova de Lisboa.
Naquela altura, teve como colegas nomes da economia mundial, como Ben Bernanke, ex-Presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos e Lucas Papademos, ex-vice-presidente do BCE.
Foi aluno de Alfredo de Sousa e Paul Samuelson, Prémio Nobel da Economia em 1970.
Luis Miguel Beleza tinha como texto que mais o marcou um artigo de Gary Stanley Becker, reconhecido economista americano, Prémio Nobel da Economia em 1992, sob o título "Crime and Punishment: An Economic Approach".
Cavaco Silva recorda o antigo ministro
Cavaco Silva lembrou Miguel Beleza como "um dos mais brilhantes economistas formados pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras", considerando que a morte do seu antigo ministro é "um momento de profunda tristeza".
"Como economista, tinha grande respeito pelo saber de Miguel Beleza. Como pessoa, tinha por ele uma sincera amizade. Custa-me acreditar que tenha partido tão cedo", lê-se numa declaração escrita do antigo chefe de Estado.
Na nota, Cavaco Silva confessa que "a notícia inesperada da morte de Miguel Beleza foi um choque, um momento de profunda tristeza" e recorda o economista como "um homem de grande inteligência e de fino humor", que serviu Portugal com "grande competência", ajudando o país a vencer as crises financeiras por que passou nos anos 70 e 80 e "a dar passos decisivos para que acompanhasse o aprofundamento da integração europeia".
Passos Coelho
"Foi com profunda consternação que recebi a notícia do falecimento do Professor Miguel Beleza. Ele foi uma figura notabilíssima, tanto na Academia, como no exercício de funções públicas", escreve o ex-primeiro-ministro num comunicado enviado à agência Lusa.
Como economista, recordou que se formou "com brilho e distinção nas escolas americanas mais ilustres e na companhia de alguns dos grandes mestres mundiais".
"Esse raro reconhecimento internacional pelo seu saber acompanhá-lo-ia sempre ao longo da sua vida", acrescentou.