Sociedade

Fogo em Pedrógão: GNR atenta a perturbações psicológicas dos guardas

Miguel A. Lopes/Lusa

Dez guardas estão a ser acompanhados pelo centro de psicologia. Outros dois foram encaminhados para o centro clínico da GNR.

O Centro de Psicologia e Intervenção Social da GNR pediu esta terça-feira aos comandantes para estarem atentos aos sinais de perturbações nos guardas que estiveram no grande fogo que afetou a região Centro, com 64 vítimas mortais em Pedrógão Grande.

A reunião aconteceu com perto de 60 comandantes, adjuntos, chefes de secção e comandantes de destacamento que devem ficar atentos nos próximos dias e semanas às mudanças de comportamento dos militares da GNR.

Até agora os psicólogos da GNR têm dez militares em observação por mostrarem alguns sinais de preocupação e outros dois foram encaminhados para o centro clínico da GNR para um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, mas todos continuam a trabalhar o que revela que nenhum caso é urgente ou grave.

O chefe do centro de psicologia adianta à TSF que os guardas com quem falaram tinham vontade de desabafar e alguns não conseguem esquecer o que viram naqueles dias.

O coronel Ilídio Canas adianta que o principal sintoma é não conseguir afastar do pensamento as imagens que viram, "sobretudo os que estiveram próximos dos cadáveres, mas também encontramos problemas em alguns que estiveram cercados ou muito próximo do fogo e viveram de perto a aflição das populações", "num estado psicológico normal em quem viu de perto uma tragédia".

O responsável do serviço de psicologia explica por isso que pediram a quem comanda que esteja atento a sinais de stress pois é normal que a tristeza ou preocupação exista durante uns dias mas não se deve prolongar durante semanas ou meses.

Uma das prioridades deve ser assim detectar novos problemas ou perturbações psicológicos noutros guardas para que os traumas que viveram não perdurem muito no tempo.

Nos dias mais quentes do fogo a GNR enviou seis psicólogos para a região Centro. Dois deles continuam na zona e todos os guardas que estiveram no incêndio têm o número de telefone do centro de psicologia para qualquer dúvida ou pedido de ajuda.