Sociedade

Península Ibérica com ondas de calor de dois meses no fim do século

Ricardo Lopes/Global Imagens

O aquecimento global vai transformar a Península Ibérica. Um estudo da Universidade de Aveiro prevê ondas de calor de 60 dias, chuvas tropicais e maior desertificação do sul.

Nunca mais será como dantes. A forma como o calor chegou este ano é só a última prova."As ondas de calor vão ser cada vez mais frequentes, em vez de uma ou duas por ano iremos ter cinco ou seis. Serão também mais longas. Atualmente temos uns cinco dias, em média, de calor extremo, lá para o final do século poderemos ter 20, 40, ou 60 dias", disse Alfredo Rocha, investigador do departamento de Física da Universidade de Aveiro.

O estudo liderado pela Universidade de Aveiro e publicado no International Journal of Climatology também prevê mudanças na forma como vai chover.

"Não haverá mais nem menos chuva, o que acontecerá é que vai desaparecer aquela chuva miudinha que dura dias e dias", referiu Alfredo Rocha, avisando que vão existir períodos mais curtos de chuva e mais intensa, como nos trópicos.

O investigador não antevê propriamente "uma catástrofe". São mudanças que nos vão obrigar a mudar a forma como vivemos, "da agricultura, das espécies que produzimos, à saúde, teremos que nos adaptar". E claro, também haverá melhores condições para grandes incêndios.

As alterações vão acontecer cada vez mais depressa e serão mais intensas no interior da Península Ibérica e na costa mediterrânica. Outra mudança à vista é o aumento da desertificação nas áreas do sul de Portugal e Espanha.