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Qatar rejeita exigências. Sauditas lamentam

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita Khaled Elfiqi / Reuters

Arábia Saudita e aliados lamentam "resposta negativa" do Qatar a lista de exigências.

Os quatro países árabes envolvidos numa crise diplomática com o Qatar lamentaram hoje no Cairo a "resposta negativa" das autoridades de Doha à lista de exigências que foi apresentada para acabar com o atual impasse.

A Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Bahrein "expressam pesar pela resposta negativa do Qatar, que manifesta negligência e falta de seriedade (...) no que diz respeito à revisão das suas políticas e práticas", indicou o ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Sameh Choukri, ao ler um comunicado conjunto após uma reunião com os seus homólogos dos outros três países árabes.

A posição de Doha "reflete uma falta de compreensão da gravidade da situação", reforçou Choukri, que acrescentou que "os ministros [dos quatro países] acordaram acompanhar a situação e agendar uma próxima reunião em Manama", capital do Bahrein, em data a divulgar.

Ainda na capital egípcia, o chefe da diplomacia saudita, Adel al-Jubeir, afirmou que o bloqueio diplomático ao Qatar "vai continuar" e que os quatro países árabes "irão tomar medidas no momento adequado".

A 05 de junho, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Bahrein cortaram relações diplomáticas com o Qatar, que acusam de apoio ao terrorismo, dando início à mais grave crise regional desde a guerra do Golfo de 1991.

Os quatro países também impuseram a Doha sanções económicas, com Riade a encerrar a sua fronteira terrestre com o Qatar, a única do território qatari.

Posteriormente, numa lista de 13 pontos - apresentada ao Qatar pelo Koweit, que está a ajudar a mediar a crise - os países exigiram o encerramento da televisão Al-Jazeera, de uma base militar da Turquia no Qatar e uma redução das ligações diplomáticas com o Irão, o grande rival da Arábia Saudita no Médio Oriente.

Ainda como condição para solucionar a crise, os quatro países exigiram que Doha corte quaisquer contactos com a Irmandade Muçulmana e com grupos fundamentalistas islâmicos como o xiita Hezbollah, a Al-Qaida e o grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

O primeiro ultimato dado pelos quatro países árabes a Doha terminou em 02 de julho. Os países decidiram depois prolongar o prazo por mais 48 horas.

As autoridades de Doha recusam as acusações de apoio ao terrorismo.

Na segunda-feira, o Qatar entregou ao Koweit a resposta oficial à lista de exigências e, na terça-feira, o chefe da diplomacia qatari, xeque Mohammed ben Abderrahmane Al-Thani, disse que a lista era "irrealista e inadmissível".

Na mesma altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar sublinhou que a atual crise deve ser resolvida através "do diálogo (...) dentro de um enquadramento claro e segundo princípios de não-ingerência e de respeito pela soberania dos Estados".

Hoje em Londres, antes da realização da reunião no Cairo, o representante qatari declarou que o país está disponível "para participar num processo de negociações, dentro de um enquadramento claro que garanta a soberania" do Qatar.

E reiterou as críticas às sanções contra o Qatar, que representam "uma agressão evidente e um insulto a todos os tratados internacionais".