Sem Galp e sem viagens, o até agora secretário de Estado da Indústria despediu-se no Facebook.
De fato e luvas de boxe, no final de 20 meses como secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos deixou, esta segunda-feira, no Facebook, uma mensagem de despedida durante a qual olha para o que deixa feito, sem qualquer referência a viagens, à Galp e ao Euro 2016.
Começa por aqui: "Acredito que a actividade política é uma das missões mais nobres a que o ser humano se pode dedicar, e que decidir e influenciar os destinos da nossa comunidade é a maior responsabilidade que alguém pode assumir".
Seguem-se cinco parágrafos onde João Vasconcelos lembra os projetos dos quais fez parte nos últimos meses, com destaque para o Web Summit e a Startup Portugal, mas sobretudo para as pessoas com quem se cruzou e trabalhou.
"Saio com uma absoluta confiança em todos os projectos que pus em marcha e nas equipas que nomeei, com a certeza de que continuarão a trabalhar para a causa pública e para o bem do país, muito para além da minha passagem por esta pasta. Saio orgulhoso por ter integrado desta forma um Governo tão reformador quando humano, na resposta que sabe dar às circunstâncias em que encontrou o país".
No final, explica que é altura de dedicar tempo à família, mas estará sempre disponível para servir "a comunidade e o país".
"Quanto ao meu futuro, e porque as perguntas se acumulam: tenho 41 anos, estou a meio da minha vida e agora quero dedicar-me mais à minha família. Mas tal como aconteceu nos últimos 25 anos, podem contar sempre com o meu contributo para melhorar a minha comunidade e o meu país. Até porque quero continuar a ter a certeza que a minha filha terá sempre muito orgulho em tudo o que eu fiz, e que viva num Portugal melhor."
João Vasconcelos pediu, este domingo, a exoneração juntamente com os secretários de estado dos Assuntos Fiscais e Internacionalização. Em causa estão as viagens pagas pela Galp a jogos do Europeu 2016.
Esta segunda-feira, o Ministério Público determinou a constituição como arguidos dos três membros do governo agora exonerados.
Em comunicado, a Procuradoria Geral da República escreve que "em causa estão factos suscetíveis de integrarem a prática de crimes de recebimento indevido de vantagem, previstos na Lei dos Crimes de Responsabilidade de Titulares de Cargos Políticos".