Oswaldo Paya, Prémio Sakharov 2002, disse, esta terça-feira, em Estrasburgo (França), que «deve terminar o mito de que os cubanos têm de viver sem direitos para apoiar a independência e soberania» de Cuba.
Oswaldo José Paya Sardiñas, que falava durante a sessão solene do Parlamento Europeu (PE) em que foi agraciado com o Prémio Sakharov 2002 dos Direitos Humanos e Liberdade de Pensamento, sublinhou que o galardão «é para todos os cubanos».
«Não venho pedir apoio para a oposição ao Governo cubano nem condenar os que nos perseguem», disse Oswaldo Paya, explicando a opção de luta pela via pacífica «porque é inseparável da meta» do povo cubano.
Por seu lado, o presidente do PE, Pat Cox, salientou a opção de galardoar Oswaldo Paya por «usar a pena em vez da espada, a força das assinaturas em vez das armas e a paz em vez do terror» para impor a democracia em Cuba.
Pat Cox destacou ainda «o sinal» de abertura dado por Fidel Castro ao autorizar Oswaldo Paya a sair do país para receber pessoalmente o Prémio Sakharov em Estrasburgo (França).
Na sua intervenção, Oswaldo Paya reafirmou a denúncia de que «a ausência de direitos civis e políticos em Cuba teve graves consequências como a desigualdade, a pobreza da maioria e os privilégios de uma minoria, a deterioração de alguns serviços».
«Não se pode justificar esta realidade afirmando que o povo cubano escolheu livremente este sistema», disse Oswaldo Paya, lembrando as «centenas de (cidadãos) presos apenas por proclamar e defender» os direitos humanos e princípios democráticos.
Oswaldo Paya, de 50 anos, fundou o Movimento Cristão de Libertação em Cuba e criou, em 1996/97, o projecto Varela, para a recolha das dez mil assinaturas necessárias à apresentação de um projecto de lei a autorizar um referendo nacional sobre as reformas económicas e sociais à transformação de Cuba numa democracia.