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Vento afasta fuelóleo da Galiza

O governo espanhol está optimista com a situação do «Prestige», já que uma mancha de 800 quilómetros está a ser levada para Norte, devido à direcção do vento, evitando a Galiza. O «Nautile» está tapar as fissuras do casco, mas é uma solução provisória.

O vice-presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, informou, neste sábado, que os ventos estão a levar bolsas de crude libertadas pelo petroleiro «Prestige» para norte, afastando-as assim da Galiza, pelo que Madrid mostra optimismo pela situação.

O governo espanhol baseava-se em dados fornecidos por Portugal e França e Rajoy mostrou-se confiante em que a mancha de cerca de 800 quilómetros quadrados, fragmentada em cerca de 70 outras manchas de grandes dimensões, está a ser levada para Norte, poupando assim a Galiza.

A questão que se coloca agora é sobre o local para onde as manchas de crude se dirigem, ou mesmo se não podem voltar à já chamada «costa da morte». As autoridades galegas mantêm-se em estado de alerta, já que depois da costa ter sido atingida por três vagas de combustível, não confiam apenas nas condições meteorológicas para afastar as manchas.

A costa da Galiza continua a receber crude em menores quantidades e as operações de limpeza dos militares pescadores e voluntários parecem não ter resultados, numa altura em que o petroleiro, afundado ao largo do cabo Finisterra a mais de 300 metros de profundidade, continua a libertar cerca de 125 toneladas diárias.

Soldaduras do «Nautile» são provisórias

Mariano Rajoy adiantou que as fissuras no casco do petroleiro deixam agora escapar menos quantidade do combustível, já que este se está a solidificar no interior dos tanques. O submarino francês «Nautile» deverá entretanto tapar as fissuras nas duas partes do casco, numa operação que durará até fins de Janeiro de 2003.

No entanto, esta seria uma solução provisória, já que a longo prazo os restos do «Prestige» representariam uma bomba-relógio no fundo do mar, segundo explicou o presidente da comissão científica espanhola que acompanha a situação. «A melhor situação é tirar de lá o petróleo, visto que ali se encontra uma bomba ao retardador» disse Amilio Lora.Tamayo d'Ocon, ao jornal «El País».

«Estamos a querer selar o 'Prestige' para obter uma solução temporária, que pode durar somente uns meses, o que nos daria algum tempo para arranjarmos uma outra solução, dessa vez de longo prazo», acrescentou.

As hipóteses já avançadas são as de fazer libertar todo o crude e recuperá-lo em alto mar, fazer um caixão de areia e cimento para isolar os restos do navio ou bombear o crude directamente dos tanques. O facto de nenhuma das operações apresentar grande fiabilidade levou a que se optasse pela soldagem das fissuras através do «Nautile».

O navio norueguês alugado por Portugal para recolher fuel-óleo das águas, o «Northern Corona», foi obrigado a regressar da zona onde o navio está afundado, sem conseguir recolher crude. Segundo o comandante do Combate à Poluição da Marinha, Baganha Fernandes, na zona de afundamento havia apenas películas de crude muito finas e o recuperador do navio apenas pode recolher crude com alguma espessura.