Oito associações entregaram hoje no Parque Natural da Ria Formosa, no Algarve, três mil contestações ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC). As criticas surgem um dia antes de acabar o prazo para a sua discussão pública.
Moradores, pescadores e maricadores da zona uniram-se contra o POOC, mas não encontraram ninguém no Parque Natural da Ria Formosa para receber as contestações, que acabaram por ficar nas mãos das funcionárias da portaria.
«Chegámos ali e entregámos às funcionárias, não havia mais ninguém para receber, embora nós tivéssemos enviado um ofício a dizer que estaríamos cá hoje, que seriam entregues as contestações e que gostaríamos de ser recebidos pelo director», lamentou Sílvia Padinha da Associação de Moradores da Ilha da Culatra.
Apesar da ausência dos responsáveis, as contestações foram carimbadas e deram entrada nos serviços do Instituto de Conservação da Natureza.
Políticos desatentos
A desatenção da classe política é uma das principais críticas da população e pescadores, que gostaria que o tema fosse mais bem tratado.
«Pensamos que este POOC deveria ter sido antecedido por um debate e a discussão com a população residente nas ilhas e não de uma forma extemporânea, como aparece, arrogante. A este POOC assentaria bem o nome Plano de Destruição da Orla Costeira», defende José Marques, da Associação dos Pescadores.
A população uniu-se para contestar o POOC porque este «não dá seguimento às realidades históricas, culturais, sociais da Ria Formosa», argumenta João Bonança da Associação de Moradores da Ilha do Farol.
O POOC prevê a demolição de 1351 casas, a interdição dos barcos a locais de lazer nas ilhas e a interdição à pesca em algumas zonas.
O plano ainda vai ter que ser ratificado pelo governo, mas segundo o ministro do Ambiente, Isaltino Morais, as demolições estão para breve e devem começar já no primeiro trimestre de 2003.