A Madeira recebeu, nos últimos meses, quase quatro mil pessoas. O governo regional admite que podem chegar mais nos próximos dias. Mas Portugal nem tem sido o destino mais procurado pelos emigrantes.
Aproxima-se mais uma eleição polémica na Venezuela. Este domingo, os eleitores são chamados a votar a constituição de uma Assembleia Constituinte. A crise tem provocado o regresso de milhares de emigrantes portugueses. Só à ilha da Madeira chegaram, nos últimos meses, quase 4 mil pessoas. O governo regional admite que o número possa aumentar nos próximos dias, sendo que, Portugal nem sequer é o destino mais procurado pelos emigrantes que fogem da Venezuela.
Sérgio Marques, Secretário Regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, refere, em declarações à TSF, que existem outros países preferidos pelos emigrantes portugueses.
"O último destino que é escolhido como local alternativo à Venezuela, ainda assim, é Portugal. Os emigrantes preferem países como o Brasil, a Colômbia, o Panamá, Estados Unidos, Canadá, Espanha e Reino Unido".
Há, no entender de Sérgio Marques, duas explicações. A primeira relaciona-se com a proximidade geográfica de alguns destes países com a Venezuela. Por outro lado, os emigrantes portugueses julgam que nesses destinos poderão ter mais oportunidades.
Apesar disto, o número de emigrantes pode aumentar na ilha da Madeira nos próximos dias. A eleição de uma Assembleia Constituinte, para alterar a Constituição venezuelana, deve provocar mais chegadas.
"Se a situação piorar, o clima de instabilidade aumentar, é com isso que estamos a contar".
Quase quatro mil emigrantes procuraram acolhimento na Madeira nos últimos meses. No entanto, o sentimento de muitos é de um dia regressarem diz Sérgio Marques.
" A Madeira é um abrigo temporário. Quando a situação estiver diferente, muitos querem regressar à Venezuela".
Em junho nasceu um gabinete de apoio, que agrega vários serviços ao dispor dos emigrantes. Muitos apresentam carências económicas e financeiras. Mas, garante Sérgio Marques, todos estão inscritos no sistema de saúde, na segurança social e nas escolas. Só no último ano letivo foram integrados 197 alunos. O problema que se coloca, é na habitação. O governo da Madeira pondera tomar novas medidas, como o recurso ao mercado de arrendamento ou através de novos apoios para a reconstrução de casa degradadas.
Das histórias que vai ouvindo destes emigrantes, Sérgio Marques diz que há um denominador comum, que é a escassez - de alimentos, de medicamentos, de segurança e de paz.