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Maduro diz que o maior erro foi subestimar a maldade da oposição

Miraflores Palace/Handout via Reuters

O Presidente da Venezuela, em entrevista ao canal russo RT, defendeu que o atual momento que se vive no país se deve ao facto de "não haver uma oposição democrática".

"Subestimar a oposição, a sua capacidade de prejudicar, a sua maldade, a sua capacidade de violência, talvez tenha sido o pior erro que cometemos", declarou na entrevista, divulgada na noite de quarta-feira, a partir do Palácio de Miraflores.

O chefe de Estado venezuelano sublinhou que o atual momento que se vive na Venezuela se deve ao facto de no país "não haver uma oposição democrática", já que está a fazer exigências razoáveis dentro do marco da Constituição.

"Eu procurei em maio, durante três semanas e meia, manter um diálogo direto com a oposição, para que se incorporasse na Assembleia Constituinte (AC) e esta recusou. E, desde então, o que a oposição tem feito é retroceder, ir ao extremismo de direita, caindo nas estratégias locais de violência", disse.

Maduro acusou os meios de comunicação opositores e "hegemónicos" de terem "vendido ao mundo a imagem de uma Venezuela que não existe".

Após a notícia de novas sanções impostas contra 13 funcionários do Governo de Caracas pela Casa Branca e as declarações dos Estados Unidos de que está disposto a implementar medidas fortes contra a economia venezuelana se Maduro não recuar na intenção de formar uma Assembleia Constituinte, o líder da Venezuela pediu ao Presidente Donald Trump que pare a "agressão".

"Donald Trump pare a agressão contra a Venezuela. A Venezuela é uma base fundamental para a estabilidade nas Caraíbas, na América do Sul. Se a Venezuela for desmembrada, se a revolução bolivariana for golpeada até ao ponto de nos levar a pegar em armas, nós combateremos novamente com a mesma bandeira e iremos mais além da nossa fronteira", sublinhou. "Cessem as vossas agressões (...) cessem o vosso intervencionismo na América Latina", referiu ainda.

No entanto, mostrou-se disposto a reunir-se no futuro com o Presidente dos Estados Unidos. "Se servir de algo, a mim como Presidente, gostaria de falar com ele (Trump) e estender a mão para dizer-lhe que estamos no século XXI, que seja esquecida a doutrina de Monroe, que chegou o tempo de aceitar a diversidade de um novo tipo de relação", afirmou.

"Resistimos 110 dias contínuos de violência com paciência, com estoicismo. É algo muito doloroso, produto de uma violência multiplicada por uma oposição que se lançou à aventura de incendiar a Venezuela solicitando uma intervenção", manifestou.

Maduro concluiu que "a oposição vai encontrar apenas uma via, atender a convocatória ao diálogo nacional que será a Assembleia Nacional Constituinte a partir da próxima semana".