O maior velocista da história vai tentar fechar a carreira com chave de ouro na prova dos 100 metros e na estafeta dos 4x100 metros.
Bolt sonha com um final de carreira em glória, este fim de semana, em Londres, onde correrá para ser de novo campeão do Mundo de 100 metros.
Ainda volta, depois, para a estafeta 4x100 metros, mas é mesmo essa final de sábado que ficará para a história de Usain Bolt, o jamaicano que detém os recordes de 100 e 200 metros e uma 'coleção' impressionante de medalhas em Jogos Olímpicos, Mundiais e outras grandes provas.
Pode mesmo dizer-se que essa despedida de Bolt vai secundarizar todo o resto dos Campeonatos. A 'sombra' de Bolt projeta-se desde há dez anos e já é consensual que se trata do melhor atleta de sempre da modalidade - sobretudo graças aos recordes mundiais de 9,58 e 19,19 segundos, aos 100 e 200 metros.
Mesmo antes de Bolt, os 100 metros já eram o ponto mais alto de Jogos Olímpicos e Mundiais, mas desta vez há mesmo um sabor especial. Resta saber se o atleta vai ser fiel ao mito que forjou, ao longo de 13 anos, com nova vitória ou mesmo novo recorde mundial.
Esta época competiu muito pouco e até evitou os principais rivais. Só uma corrida de 100 metros a sério, no meeting do Mónaco, há semana e meia, para se 'mostrar' em 9,95 segundos, quarta marca entre os inscritos.
Contra ele, estará um pequeno 'exército' de corredores talentosos, dispostos a estragar a festa. Desde logo, a velha e nova geração dos Estados Unidos, com Justin Gatlin (35 anos) e Christian Coleman (21), mas também o colega de seleção Yohan Blake e o sul-africano Akani Simbine.
Abaixo dos 10 segundos este ano, a lista é valiosa e inclui igualmente mais um norte-americano, Christopher Belcher, e outro sul-africano, Thando Roto, outro jamaicano, Julian Forte, e Jimmy Vicaut (França), Ben Meité (Costa do Marfim) e Chijindu Ujah (Grã-Bretanha).
Há um ano, o 'velho' Gatlin ainda foi segundo, à frente do jovem canadiano Andre de Grasse (22 anos), que também estará em Londres.
Qualquer que seja o desfecho dos 100 metros - e ninguém espera que Bolt saia pela 'porta pequena' - sobra ainda a estafeta, com a Jamaica a repartir o favoritismo com os Estados Unidos.
Numa modalidade minada pelos casos de corrupção e doping, que culminaram com a saída de cena temporária da Rússia, a boa onda de 'thunder' Bolt tem sido uma tábua de salvação para a desprestigiada modalidade, que já sente que vai ter saudades daquele sorriso.
Em qualquer caso, Londres deve marcar a 'passagem de testemunho' mediático. Não é totalmente claro quem ocupa a ribalta, mas é bem provável que seja o sul-africano Wayne van Niekerk, que procura dobrar 200 e 400 metros.
Um ano depois de 'riscar' da lista de recordes Michael Johnson, nos 400 metros, entra decididamente nos terrenos de Bolt, os 200 metros. No futuro, se tudo lhe correr bem, depois será a vez de tentar o recorde de Bolt.
Mesmo que dobre o ouro em Londres, tal como outro atleta de saída, Mo Farah, nos 5000 e 10000, não vai tirar o destaque a Bolt. Ninguém o fará.