Dalbert custou 20 milhões ao Inter, mas a caminhada até lá foi dura. De carregar sacos de batatas no Rio de Janeiro saltou para o Académico de Viseu. Depois veio o Vitória e o Nice. Agora a Serie A.
Há mais ou menos oito anos um rapaz chamado Dalbert carregava sacos de batatas debaixo do sol impiedoso do Rio de Janeiro. O então adolescente precisava desse dinheiro para comer e pagar o autocarro para ir aos treinos de futebol, o objetivo de vida. A família não podia ajudar. E o futebol também não estava a ajudar. A ida para o Flamengo não melhorou a coisa, por isso, no desespero, mudou-se para Portugal, conta o Folha de São Paulo.
O destino foi o Académico de Viseu. O lateral esquerdo depois deu nas vistas e saltou para o Vitória de Guimarães. Daí foi para o relvado perto das praças com traços italianos em Nice, no sul de França. Neste verão, há poucos dias, chegou ao Inter de Milão, por 20 milhões de euros.
"Foi através de um empresário. Era um grande potencial, que ia rebentar dentro de pouco tempo. Nós fizemos o nosso papel, que foi assinar por dois anos e meio", conta à TSF António Albino, presidente do Académico de Viseu. "Sabíamos que de repente, através do nosso treinador, que era um diamante por lapidar."
O Académico perdeu um talento, mas não há que lamentar. "Tenho aqui outro defesa esquerdo, com 20 anos, já para rebentar daqui a um ano ou dois. É o Lucas", revela Albino.
O presidente do clube, benfiquista assumido, revela até que o lateral foi oferecido ao Benfica, mas... "os olheiros andaram com os olhos fechados", conta. "Quando o tive aqui, tive pena de não ir para o Benfica, porque sou benfiquista. Mas os olheiros andaram com os olhos fechados. Eu não falei com eles [Benfica], falou alguém. [Diziam] que o Académico de Viseu não tinha nenhum diamante para explorarem. Eu entendia que sim. Foi oferecido ao Benfica, pelo empresário e outros. Não quiseram..."
Como as joias raras, Dalbert acabou por se revelar um ótimo investimento. O presidente do Académico de Viseu garante que o defesa esquerdo já rendeu mais de 300 mil euros ao clube. Quando foi transferido para Guimarães rendeu 20 mil euros. Depois, os 5% do passe que o Académico manteve deram aos cofres 100 mil euros. Finalmente, o mecanismo de solidariedade vai render mais 200 mil.