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Homenagem aos mortos que a estrada reclama

Em homenagem aos 40 mil mortos que as estradas europeias reclamam para si todos os anos, comemora-se este domingo mais um Dia Europeu da Memória. Em Lisboa, o dia é assinalado junto ao monumento das vítimas da Grande Guerra.

Em 2002 morreram 1469 pessoas nas estradas portuguesas e 4770 ficaram gravemente feridas. Os números (ver tabela 1) falam por si reflectindo uma realidade dura do nosso país. Em toda a União Europeia, a estrada reclama para si cerca de 40 mil mortos por ano e, no mundo, mais de um milhão e 200 mil.

Apesar de diminuírem ligeiramente de ano para ano, de acordo com a Community Road Accident Database (CARE), as estradas portuguesas continuam a ser as mais mortíferas da União Europeia.

Enquanto na Suécia, na Holanda e no Reino Unido o número anual de mortos por cada milhão de habitantes ronda os 60, em Portugal, esse mesmo número quase triplica (ver tabela 2).

Mortes que podiam ter sido facilmente evitadas, já que resultam quase invariavelmente de um acto criminoso: o não cumprimento do código da estrada e as más condições (má sinalização, curvas mal planeadas, cruzamentos perigosos) das estradas nacionais.

Portugal: «Sociedade de infractores e impunes»

Há solução para estas estatísticas? Manuel João Ramos, da Associação dos Cidadãos Automobilizados (ACA-M), aponta o dedo ao Estado, defendendo que deve «fazer cumprir o Código da Estrada de forma credível, para que a sociedade portuguesa não passe por ser uma sociedade de infractores reincidentes e impunes».

É por estes objectivos que a ACA-M luta diariamente. Este ano, em finais de Março, promoveu a campanha «Contra os Pontos Negros da Estrada», na qual os cidadãos podiam denunciar através de um cupão as zonas mais perigosas das estradas nacionais.

Em sete meses a ACA-M recebeu mais de 1300 denúncias que chegaram um pouco de todo o país. Queixas que a associação está a encaminhar para as entidades competentes: Instituto das Estradas de Portugal, autarquias e entidades concessionárias.

Homenagem às vítimas das estradas

Mas enquanto o Estado não corrige os erros fatais da rede rodoviária, cabe aos automobilistas optarem por uma condução segura.

O excesso de álcool, as ultrapassagens perigosas, e a velocidade excessiva são ingredientes explosivos que, combinados com estradas perigosas, matam cerca de 1500 portugueses por ano.

É em homenagem às vítimas desta guerra civil que se comemora, pela segunda vez em Portugal e na União Europeia, o Dia da Memória.

Este domingo, pelas 11:00, a ACA-M convida os portugueses a depositar flores no monumento aos mortos da I Grande Guerra, na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Este será também «um momento de reflexão sobre a trágica dimensão da sinistralidade rodoviária», afirma a ACA-M em comunicado.

Redação