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Todos os anos morrem 60 mulheres

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) revelou, quarta-feira, que morrem todos os anos, em Portugal, pelo menos 60 mulheres em consequência de violência doméstica.

Segundo os dados da APAV, em 2002 foram registados mais de 17 mil crimes de violência doméstica, 60 por cento dos quais relativos a maus tratos físicos, cometidos na grande maioria pelo cônjuge ou companheiro.

O perfil da vítima corresponde a uma mulher que vive na região de Lisboa (31, 7 por cento), com idade entre 26 e 45 anos (39, 7 por cento) e com baixo nível de escolaridade (23, 6 por cento não ultrapassou a escolaridade obrigatória).

Apesar da transformação dos maus tratos em crime público ter facilitado o combate à violência doméstica, a APAV considera que a vítima ainda não é suficientemente protegida em Portugal.

Há ainda muito por fazer, em especial no que respeita à formação de técnicos na educação a partir da escola e da promoção de mais investimentos para as associações que dão apoio às vítimas.

Estas ideias fazem parte do relatório Penelope sobre violência doméstica no Sul da Europa, que vai ser apresentado na segunda-feira pela APAV.

Mais casos de maus-tratos denunciados

João Lázaro, secretário-geral desta associação, considera que o número de casos denunciados tem vindo a aumentar, o que contribui para o crescimento dos números relativos aos crimes de violência doméstica.

«Cada vez existe mais consciência de quem é vítima de crime, de que tem direitos e deve acabar com a situação e daí procurar o apoio e a ajuda para sair dessa vida», afirmou o responsável.

A violência doméstica atravessa todas as classes sociais, mas de formas diferentes.

«O tipo de violência que é exercido difere, com um perfil de maus tratos de violência mais física nas classes socio-culturais mais desfavorecidas e com um perfil de violência mais ao nível psicológico, mais refinada, ao nível das classes sociais mais elevadas», acrescentou.

Os técnicos que fizeram o relatório chegaram à conclusão que para combater a violência doméstica tem que ser feito um plano europeu que favoreça padrões mínimos de protecção das vítimas.

Redação