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Leal Martins diz ter recebido ameaças de morte

O ex-presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil garantiu que recebeu ameaças de morte depois de ter travado um negócio de um milhão de euros. A denúncia foi feita numa entrevista ao jornal «Público». Leal Martins falou, ainda, em diversos grupos de pressão económicos e políticos.

Em entrevista ao jornal «Público» o antigo presidente do SNBPC, Leal Martins, explicou os «lobbys» que existem dentro da instituição.

São três diferentes: um económico que gere orçamentos entre 80 a 90 milhões de euros, outro político que faz a gestão de influências em termos eleitorais e outro de interesses pessoais e de vaidades.

Leal Martins afirmou, mesmo, que existia um grupo de pressão que o vinha atacando quando se encontrava à frente dos serviços. Tratavam-se de três ou quatro pessoas, cujos nomes não referiu mas disse terem ligações aos jornais, que foram responsáveis pelo roubo de documentos e de alguma correspondência pessoal.

O ex-presidente do SNBPC explicou que esteve metido num jogo político de interesses económicos e de influências e assegurou que conseguiu travar um plano em que se previa gastar um milhão de euros para a compra de material da protecção civil para o Euro 2004, e que por causa disso recebeu ameaças de morte.

Leal Martins criticou o sistema por actuar tardiamente e deu como exemplo a contratação de meios aéreos para actuarem nos incêndios de verão. Enquanto no resto da Europa os concursos começam em Novembro, em Portugal só em Abril, acabando, assim, o país por gastar mais em pior qualidade.

O entrevistado do «Público» lamentou também não ter conseguido criar uma central de compras para os bombeiros, uma medida muito atacada, mas que permitiria poupar 40 a 50 por cento só na compra de novas viaturas.

Leal Martins lamentou, ainda, que muito autarcas recorram directamente a alguns ministros para mobilizar meios de combate aos fogos, sem dizer o nome dos titulares do Governo em causa, mas garantiu que se soubesse que o Serviço estava tão dependente de influências políticas nunca tinha aceite o cargo de presidente.

Redação