No distrito da Guarda, 27 corporações de bombeiros voluntários que ameaçam deixar de combater incêndios florestais. A decisão surgiu após críticas de elementos do Governo à actuação dos bombeiros durante o Verão.
Os bombeiros da Guarda ameaçam deixar de combater fogos florestais devido a declarações de responsáveis políticos governamentais sobre a capacidade dos bombeiros
Álvaro Guerreiro, presidente dos bombeiros voluntários da Guarda explicou que sem meios os bombeiros não podem assumir as competências de combate ao fogo florestal.
O presidente dos voluntários lembrou por isso que são os bombeiros que suportam as «despesas dos fogos florestais», o que inclui o pagamento de «fornecedores todos os consumíveis, desde combustíveis, a pneus, reparações de viaturas passando pela alimentação do próprio pessoal».
«Se as associações de bombeiros servem para isso, também não se compreende depois a postura do Estado passado algum tempo, e já acabada a época dos fogos florestais, virem dizer que afinal as coisas ardem porque a culpa é dos bombeiros que não sabem apagar fogos florestais», sublinhou Álvaro Guerreiro.
Neste sentido, se o panorama não se alterar, os meios não forem reforçados, os voluntários da Guarda e as restantes corporações do distrito dizem não terem condições para combater os fogos florestais.
«O melhor será, e a nossa proposta é nesse sentido, que se esclareçam as coisas de uma vez por todas e que antes da época dos fogos florestais haja dotações financeiras para as associações humanitárias para as ajudar a fazer face às despesas extraordinárias da época dos fogos florestais», disse Álvaro Guerreiro.
«Mais não se lhes pode ser exigido»
O presidente dos voluntários da Guarda apelou ainda para «que se defina claramente, se vão ou não ser criados grupos de intervenção permanente para esta área dos fogos florestais nos corpos de bombeiros e caso seja, que seja o Estado a assumir estas despesas».
«Caso contrário», lembrou Álvaro Guerreiro, «o melhor é retirar-se a competência do combate aos incêndios florestais aos corpos de bombeiros, e o próprio Estado, com profissionais formados, como entendem os membros do actual Governo, irem para o terreno com as suas próprias viaturas e fazerem eles o combate directo aos fogos florestais».
«Os bombeiros são voluntários, dão o melhor de si próprios e como tal, mais não lhes pode ser exigido», concluiu Álvaro Guerreiro.