A Liga de Bombeiros considera que as declarações de hoje de Leal Martins devem ser alvo de investigação. A Associação de Bombeiros Profissionais não ficou surpreendida. O ministro da Administração Interna já mandou analisar os factos, apurou a TSF.
O presidente da Liga de Bombeiros, Duarte Caldeira, defende o apuramento da veracidade das declarações do antigo presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, Leal Martins (na foto).
«Todas elas são enquadráveis em matéria penal, não pode ser em vão que um cidadão afirma ter sido ameaçado de morte», alertou.
«Apesar das divergências que tive com o engenheiro Leal Martins considero-o uma pessoa séria que pratica verdade e não iria afirmar algo assim se não tivesse seguro do que está a afirmar», acrescentou.
Duarte Caldeira entende também que o Ministério da Administração Interna devia abrir imediatamente um inquérito por várias razões.
«A dúvida e as situações denunciadas na entrevista quanto à ausência de lealdade e de espírito de serviço público no período a que o engenheiro Leal Martins se refere e pelo qual foi responsável no interior do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil» é uma das situações que deve ser analisada.
Um outro cenário a que Duarte Caldeira também a atribui gravidade está relacionado «com a contratação de meios aéreos e depois o sublinhado não explicitado mas suficientemente evidenciado quanto às pressões dos lobies políticos e económicos».
Fernando Curto quer código deontológico
As denúncias do antigo presidente não apanharam de surpresa, o líder da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais.
Fernando Curto afirma que o facto de não haver um código deontológico para os bombeiros favorece o surgimento das situações relatadas por Leal Martins.
«Consideramos muito importante a criação de um código deontológico que enquanto Associação Nacional de Bombeiros Profissionais temos pedido», esclareceu.
«Tudo isto tem que levar um safanão que deve ser dado pelo senhor ministro da Administração Interna e pela actual equipa do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil», acrescentou.
Para Fernando Curto a inexistência do código está relacionada com a «inércia de alguns políticos», das «autarquias» e «dos próprios bombeiros».
Entretanto, Figueiredo Lopes já pediu ao auditor jurídico do Ministério da Administração Interna que analise a entrevista de Leal Martins e que promova todas as diligências, incluindo o pedido de intervenção do Ministério Público.