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Líder Bloqueio da Ponte 25 Abril acusa agentes da PJ

Jaime Pinto, o líder do bloqueio da Ponte 25 de Abril em 1994, acusou hoje em tribunal agentes da Polícia Judiciária de traficarem droga, afirmações de que os juizes vão dar conhecimento ao Ministério Público.

«Alguns agentes da Polícia Judiciária traficam droga», garantiu Jaime Pinto durante a segunda sessão do julgamento, que decorre no Tribunal de Loures e que senta no banco dos réus nove arguidos acusados de associação criminosa e tráfico de droga.

Ao responder às perguntas do seu advogado, Carlos Pinto de Abreu, revelou ainda que existem também «18 embarcações envolvidas no tráfico de droga», que «vão buscar droga a Marrocos a mando da PJ».

Ainda de acordo com Jaime Pinto, que chegou mesmo a avançar com alguns nomes de agentes da PJ que, em seu entender, estão envolvidos no tráfico de droga, uma das embarcações foi mesmo «comprada pela PJ por 80 mil contos».

Na sequência destas declarações, o presidente do colectivo, juiz Manuel Rodrigues, ordenou que fosse «extraída certidão (cópia com o teor das declarações) para efeitos de processo criminal».

Algumas dessas embarcações estão também referenciadas em outros processos que estão a decorrer, acrescentou o líder do bloqueio da Ponte 25 de Abril.

Jaime Pinto afirmou que teve conhecimento desta situação, que descreveu como uma «coisa diabólica», depois de ter estado detido em Setúbal no final do ano 2000. «Quando estava em liberdade pus-me no terreno», afirmou.

O arguido contou ainda que na altura denunciou a situação a várias entidades, «escrevi a António Costa, ao Presidente da República, à Procuradoria-Geral da República, ao director nacional da PJ, ao Provedor de Justiça, ao primeiro-ministro e ao Conselho Superior de magistratura», disse, acrescentando que nunca foi ouvido.

Ao longo das duas primeiras sessões do julgamento, Jaime Pinto admitiu apenas ter efectuado contrabando de tabaco.

Hoje, a versão de Jaime Pinto (de que nunca traficou droga) foi contrariada por outro arguido, Emídio Rosa, que assegurou ter participado em dois transportes de haxixe de Sevilha para Antuérpia a mando do líder do bloqueio da Ponte 25 de Abril.

TSF contactou a Procuradoria Geral da República, que recusou comentar estas acusações.

Redação