O secretário-geral das Nações Unidas apelou, esta segunda-feira, dia Mnudial da Luta Contra a Sida, a todos os países que encarem a doença como um problema global que precisa de ser combatido de forma urgente.
Kofi Annan lembrou que, durante 2003, dez pessoas por minuto ficaram contaminadas pelo VIH. O recorde absoluto de propagação da doença prova que o mundo não está a cumprir os objectivos traçados na Assembleia Geral extraordinária das Nações Unidas.
Por exemplo, nesta altura, a taxa de contaminação de recém-nascidos devia ter sido reduzida para metade mas, ao ritmo actual, mesmo em 2005 esse número é uma miragem.
O secretário-geral da ONU diz que no plano das medidas os países estão ainda muito «longe de fazer aquilo que seria preciso fazer».
A esperança de vida está a diminuir e o vírus da Sida ganha terreno em regiões que até agora eram menos afectadas, como a Europa de Leste e a Ásia. A doença cresce a um ritmo alarmante entre as mulheres, que já representam metade do total de seropositivos.
Por tudo isto o responsável máximo das Nações Unidas diz que o mundo não pode utilizar o «pretexto» de que há outros problemas mais importantes ou mais urgentes em enfrentar. A luta contra a Sida tem de continuar «à frente das nossas preocupações tanto no plano político como no prático», segundo Annan.
O secretário-geral das Nações Unidas conclui com um apelo: «No universo implacável da Sida, o silêncio equivale a morte. Juntos temos de destruir o muro do silêncio, de estigma e de discriminação que rodeia a epidemia. É com cada um de nós que começa a luta contra a Sida».
OMS quer tratamento para seropositivos
A Organização Mundial de Saúde (OMS) quer que mais três milhões de pessoas com Sida recebam os cuidados adequados até ao final de 2005.
O plano vai ser aplicado nos países em vias de desenvolvimento e nos países que a OMS classifica de «em transição», ou seja, apenas uma parte dos cerca de 40 milhões de pessoas infectadas com HIV em todo o mundo.
Só este ano, mais cinco milhões de pessoas foram infectadas e três milhões morreram, ou seja, o equivalente a oito mil mortos por dia devido à Sida.
O plano agora anunciado é um passo importante tendo em vista o tratamento universal de todos os infectados. O «acesso insuficiente ao tratamento é uma verdadeira situação de urgência mundial», diz Peter Piot, director executivo do programa da ONU para a Sida.
O plano aponta cinco domínios a privilegiar: instrumentos simplificados para fornecer o tratamento anti-retroviral, um novo serviço de aprovisionamento eficaz e fiável de medicamentos, a identificação, difusão e aplicação rápida de novas soluções com provas dadas, o apoio urgente e durável a países em necessidade e uma direcção mundial na luta contra a Sida.
Este plano precisa de fundos suplementares consideráveis, estimados em mais de cinco mil milhões de euros para os próximos dois anos.