A advogada iraniana Shirin Ebadi chegou hoje a Oslo, onde é vai receber esta semana o Nobel da Paz, tornando-se assim a primeira mulher muçulmana a receber o prémio.
Distinguida «pelos seus esforços a favor da democracia e dos direitos humanos», Shirin Ebadi receberá o prémio das mãos de Ole Mjoes, presidente do comité Nobel, na quarta-feira às 12:30 (hora em Lisboa), durante uma cerimónia solene marcada pela ausência do rei Harald da Noruega, recentemente operada a um cancro.
Correndo o risco de enervar os conservadores iranianos, Ebadi citada pelas agências internacionais, afirmou que se apresentará na cerimónia sem hidjab, o véu islâmico usado pelas iranianas no Irão e no estrangeiro.
Apesar das ousadias da laureada, o controverso Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI), manifestou hoje apoio à Nobel da Paz.
«Esperamos que este Nobel da Paz melhore a situação dos direitos humanos no Irão, (...) no conjunto do Médio Oriente em certa medida, no mundo muçulmano», disse Perviz Khazai, representante do CNRI no norte da Europa.
O CNRI, montra política dos Mujaidines do Povo, principal movimento de oposição ao regime iraniano, está inscrito na lista dos Estados Unidos relativa às organizações terroristas, mas não na da União Europeia.
Interrogado se o apoio do CNRI a Shirin Ebadi não será negativo para a galardoada, sujeita a múltiplas pressões no seu país, o porta-voz desta organização respondeu: «devemos fazer o nosso melhor para apoiar a decisão do comité Nobel porque é uma oportunidade histórica para o povo iraniano».
Com 56 anos, Shirin Ebadi é a terceira personalidade de confissão muçulmana e a 11/a mulher a receber o Nobel da Paz depois da sua criação, em 1901.
O prémio consiste num diploma e numa medalha de ouro, acompanhados de um cheque de 10 milhões de coras suecas (1,12 milhões de euros).