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Raparigas discriminadas no acesso ao ensino básico

O relatório anual do Fundo das Nações Unidas para a Infância mostra que «elas» continuam a ser discriminadas no acesso à escolaridade básica e que esse facto acaba por reflexos sérios nas famílias, comunidades e países.

A educação das raparigas é o investimento ideal, é um esforço que tem de ser feito com urgência, diz a Unicef, que apresenta dados para mostrar que a discriminação entre os sexos é um entrave ao desenvolvimento.

Em todo o mundo, 121 milhões de crianças não vão à escola, e deste número, mais de metade, ou seja, 65 milhões, são raparigas.

A região da África subsaariana é a mais problemática, já que em 12 anos o número de raparigas não escolarizadas aumentou de 20 para 24 milhões.

Mas nem os países desenvolvidos escapam às críticas da Unicef. O Fundo das Nações Unidas para a Infância diz que as iniciativas internacionais têm defraudado de forma grave as crianças e jovens do sexo feminino.

A directora executiva da Unicef sublinha que num grande número de países as iniciativas são claramente desajustadas e a ajuda dos países doadores diminuiu durante a década de 90.

Seja como for, a Unicef acredita que ainda é possível conseguir a paridade no ensino primário e secundário até 2005.

Para isso propõe algumas medidas, como é o caso da abolição de toda a espécie de taxas escolares e o maior financiamento da educação, sendo dez por cento desta ajuda destinado à educação básica.

A Unicef lembra que não se pode reduzir a pobreza, a mortalidade infantil, a Sida e outras doenças. Sem a educação das mulheres, uma educação básica de qualidade condiciona todos os outros indicadores do bem estar humano.

Promessas não foram cumpridas

A directora executiva da Unicef em Portugal, insiste que tem de ser feito um esforço de financiamento. Até agora, explica Madalena Marçal Grilo, o dinheiro dos países doadores não tem sido suficiente para acabar com a discriminação.

«A ajuda para a questão da educação tem estado muito aquém das promessas feitas pelos países doadores, nomeadamente em 1990, e estamos a falar da ajuda multilateral», explicou a director executiva da Unicef em Portugal.

«No que diz respeito à ajuda bilateral, os fundos que foram para o sector sofreram uma quebra mais acentuada», acrescentou Madalena Marçal Grilo, salientando que, «este relatório faz também um apelo ao financiamento por parte dos países doadores e das instituições financeiras para se resolver esta disparidade no acesso à educação».

Taxa de alfabetização aumentou

Em Portugal, a taxa de alfabetização de adultos aumentou cinco por cento na última década, passando de 87,5 para 92,5 por cento, segundo o relatório anual da Unicef relativo à situação mundial da infância.

Há mais de uma década, em 1990, a taxa de alfabetização dos homens portugueses era de 91 por cento, tendo subido para 95 por cento passados dez anos. Maior aumento registou a Unicef junto das mulheres, já que em igual período, essa taxa passou de 84 para 90 por cento.

Em 2000, dez por cento das mulheres e cinco por cento dos homens eram analfabetos. Já o Censos 2001 mostrou que nove em cada dez residentes portugueses com dez ou mais anos, não sabe ler nem escrever. As mulheres e os distritos do sul são os mais penalizados por estes valores.

Redação