António Chora considera que há uma guerra de poder pelo controlo do organismo representante dos funcionários e aponta o dedo ao Partido Comunista.
Entrevistado no Jornal de Negócios, o sindicalista histórico e líder durante duas décadas da comissão de trabalhadores da fábrica de Palmela descreve como um assalto ao castelo a alegada intenção de um dos sindicatos, o SITE Sul, afeto à CGTP, de entrar na Comissão de Trabalhadores, e do papel que esse sindicato teve na marcação desta greve.
O sindicalista histórico, ligado ao Bloco de Esquerda, liderou a comissão durante duas décadas ao longo das quais houve paz laboral na fábrica, e afirma que parte da greve se explica com uma tentativa do PCP de pressionar o Governo para obter cedências noutras matérias.
Chora confessa-se "espantado" com este conflito laboral, dizendo que nunca pensou ver tanto populismo no discurso de responsáveis do organismo que representa os operários. Acusa o SITE Sul de se ter apoiado em quatro ou cinco populistas, lembrando que ainda tem de haver eleições na comissão para que o sindicato passe estar representado nela.
A comissão está demissionária depois de o plenário de trabalhadores ter chumbado no início do mês o pré-acordo com a administração.
Chora saiu da representação dos funcionários em 2016, depois de ter adiado por um ano a reforma na tentativa de ter tempo para negociar os horários por causa da produção do novo modelo, coisa que acabou por não conseguir porque a empresa não iniciou essa negociação. O sindicalista admite que o SITE Sul terá aproveitado essa saída para tentar entrar naquele órgão, que é o único com quem a administração negoceia. Em todas as fábricas da Autoeuropa é essa a prática, com exceção da Eslováquia, país nos qual os sindicatos pagam a cada trabalhador 50 euros por dia de greve.
Ainda assim, Chora está convencido que pode haver um acordo até ao final do ano, desde que haja uma nova comissão que tenha carisma. O sindicalista manifesta preferência por uma lista independente.