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Utentes contra novas taxas moderadoras

Os movimentos de utentes estão contra a possibilidade de novas taxas moderadoras na Saúde, opinião que é suportada pelo bastonário da Ordem dos Médicos. Já o Alto-comissário para a Saúde não se opõe a estas medidas anunciadas por Correia de Campos.

O Movimento dos Utentes da Saúde entende que o ministro da Saúde está a tentar criar um sistema de utilizador/pagador no sector ao admitir a criação de novas taxas moderadoras para serviços que até agora eram gratuitos.

«Quando o senhor ministro diz que é para valorizar os serviços dá a ideia que acredita que o consumidor só aceita aquilo que é caro ou parte do princípio de que na Saúde o que é caro é bom», explicou Santos Cardoso.

O dirigente do MUS considera que esta medida é mais uma «pedrada» no custo de vida e nas expectativas dos utentes e entende que o ministro está a esquecer que a Saúde «é um dos mais importantes pilares da nossa democracia».

Por seu lado, o Movimento dos Utentes dos Serviços de Saúde considerou que com as novas taxas moderadoras Correia de Campos dá «mais um passo para a caber com o Serviço Nacional de Saúde».

«Indignado» e «surpreendido» com esta iniciativa, Castro Henriques disse à agência Lusa que se está a «trabalhar para a privatização» do sistema de saúde, medida a que os utentes «não deixarão de contestar fortemente».

O dirigente do MUSS acrescentou mesmo que esta «é mais uma medida de direita de um governo que se diz socialista» e questionou-se porque as pessoas pagam impostos.

Já o porta-voz do Movimento de Utentes dos Serviços Públicos assegurou que a sua organização tem uma posição de «total oposição à criação de novas taxas», considerando que «nunca pode estar de acordo com o pagamento de actos médicos».

Carlos Braga recordou as alterações na Constituição que transformaram os serviços de saúde gratuitos em «tendencialmente gratuitos», mas recordou que eles afinal são «tendencialmente pagos».

«Quando recorrem a um serviço de saúde, as pessoas fazem-no por necessidade, não por um capricho», acrescentou o porta-voz deste movimento, em declarações à agência Lusa.

Igual opinião tem o bastonário da Ordem dos Médicos que criticou o facto de se justificar uma taxa moderadora para os serviços de saúde apenas para moderar o acesso a estes.

«Se uma pessoa fez uma fractura tem imprescindivelmente de ser tratado e internado. A taxa moderadora não vai moderar, porque não é por gosto que essa pessoa vai ser tratada», afirmou Pedro Nunes mo programa «Fórum TSF».

Para o bastonário, «há que assumir com verdade e transparência as decisões tomadas e dizer que aumenta a taxa moderadora para os internamentos e cirurgias e dizer que é só para valorizar não é a forma ideal de abordar».

Por seu lado, o Alto-comissário para a Saúde considera que o «problema das taxas moderadoras se insere numa necessidade de racionalizar os cuidados de saúde e de pôr as coisas no seu contexto próprio».

«Se o ministro assim o decidiu é porque há todas as razões para que assim seja», acrescentou Pereira Miguel, em declarações à TSF.

Redação