As Galerias Romanas entre a Rua da Prata e da Conceição, na baixa de Lisboa, que têm mais de dois mil anos, podem ser visitadas pelo público de forma gratuita a partir desta sexta-feira e até domingo, o que acontece uma única vez por ano.
Ao todo são cinco galerias perpendiculares de diferentes alturas.
O arqueólogo António Marques, que há cinco anos guia os visitantes por esta estrutura romana, denominada Criptopórtico, explicou à TSF que o espólio constitui um «precioso elemento histórico para perceber a evolução da cidade».
«Este espaço fala-nos da cidade de Olissipo, a mais ocidental do império romano, e da importância comercial e marítima que já então tinha, por fazer a ligação entre o mundo mediterrâneo e o do Atlântico Norte», explicou.
O arqueólogo adiantou ainda que as galerias correspondem a uma «solução de engenharia» idealizada pelos romanos «para criar uma plataforma artificial numa zona onde ainda continuamos a ter problemas de instabilidade geológica».
«Como a cidade está em crescimento nesta altura devido ao incremento do mercantilismo e da actividade portuária existiu a necessidade de criar uma série de infra-estruturas na zona ribeirinha e uma estrutura que se destinava a suportar essas construções», acrescentou.
O local terá sido também utilizado na época imperial romana para armazenamento de mercadorias.
Este achado da cidade de Lisboa foi apenas descoberto depois do terramoto de 1755 no subsolo da baixa de Lisboa, durante os trabalhos de reconstrução da cidade.
No início do século XX, era utilizado pela população como cisterna, mas o seu acesso foi restringido nos anos 80 devido a dificuldades de bombagem em consequência do elevado nível de água.
O monumento pode ser visitado de forma gratuita entre as 10:00 e as 13:00 e as 14:00 e as 18:00, desde esta sexta-feira até domingo.
Esta é a única altura em que o espaço abre portas ao público já que o resto do ano as galerias estão parcialmente submersas.
A iniciativa insere-se também na 13ª edição das Jornadas do Património que começa hoje e tem programadas até domingo, 550 iniciativas com entrada gratuita em locais históricos de 118 concelhos do país.
Uma das apostas deste evento é abrir ao público, durante três dias, espaços de monumentos que habitualmente se encontram encerrados, revelando os seus segredos.
Em Lisboa, o público terá acesso a espaços habitualmente fechados no Mosteiro dos Jerónimos (sacristia, terraços e confessionários) e na Torre de Belém (às masmorras).