O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos não percebe porque o ministro da Saúde deixou de investir no mercado dos genéricos. Ouvido pela TSF, Aranda da Silva admitiu ainda que os preços dos medicamentos que estão a ser vendidos fora das farmácias estão a aumentar.
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos acusa o ministro da Saúde de ter desinvestido no mercado dos genéricos e de assim estar a cometer um «erro estratégico».
«O senhor ministro propagandeava os genéricos, havia uma campanha no ministério da Saúde e havia uma vontade política expressa. O actual ministro pouco fala e não vejo grande interesse em que esse mercado se desenvolva», explicou Aranda da Silva, em declarações à TSF.
Para este bastonário, a atitude de Correia de Campos é estranha, pois em todos os países que precisam de fazer contenção de gastos tem sido tomado o caminho do investimento no mercado dos genéricos.
«Arriscamos a não conter a despesa e a não ter dinheiro para a inovação e passarmos a ter tempos de acesso à inovação uma posição de país do Terceiro Mundo», acrescentou Aranda da Santos, que diz não perceber esta atitude de Correia de Campos.
Sobre a venda de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias, o bastonário da Ordem dos Farmacêuticos admite que tem havido uma tendência para o aumento de preços, tal como sucedeu noutros países que adoptaram a medida.
«Essa liberalização induziu o consumo, mas o mercado cresceu fundamentalmente nas farmácias e começa a haver, depois de uma baixa inicial de preços, um aumento destes tanto nas farmácias como fora das farmácias», adiantou.
No dia do Farmacêutico, Aranda da Silva defendeu ainda que deveria maior cuidado na selecção dos medicamentos não sujeitos a receita médica, com a existência de três listas de medicamentos, como acontece nos países em que houve uma liberalização de mercado semelhante à de Portugal.
«Medicamentos de receita médica obrigatória, medicamentos não sujeitos a prescrição, mas que só podem ser vendidos nas farmácias sob a orientação de um farmacêutico e uma terceira lista, como em Inglaterra, na Noruega e Holanda, com medicamentos em embalagens menores com dosagens adequadas para acesso mais fácil», concluiu.
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos criticou ainda a possibilidade de liberalização da propriedade das farmácias, considerando que se o Governo avançar com essa medida os medicamentos vão ter aumentos de preço.