A directora regional de Educação do Norte, Margarida Moreira, responsabilizou esta quinta-feira o presidente da Câmara de Sernancelhe pelos problemas que levaram a escola primária do Carregal a iniciar o ano escolar com 15 dias de atraso.
O Governo decidiu este ano encerrar 17 das 21 escolas primárias do concelho, concentrando os alunos em três pólos, um dos quais na escola do Carregal.
Alegando que o pólo do Carregal não tinha condições para aulas, os alunos faltaram durante vários dias, tendo a escola surgido mesmo fechada a cadeado, tendo a DREN pedido a intervenção da GNR para regularizar a situação.
O ano lectivo entretanto normalizou naquele concelho, graças, disse Margarida Moreira, à intervenção da DREN, que assumiu a responsabilidade financeira do funcionamento da escola - uma competência que legalmente deveria caber à autarquia.
A directora regional, que classificou de «bizarra, para ser simpática», a atitude do presidente da Câmara de Sernancelhe, José Mário Cardoso, garantiu que o encerramento das 17 escolas e a recuperação das três restantes para acolher os alunos foram acordados entre si e o autarca numa reunião realizada a 01 de Março de 2006.
«A DREN comprometeu-se então a transferir as verbas necessárias para o município recuperar as escolas, o que já fez em duas tranches. Mas, contrariamente ao que aconteceu nos outros 85 concelhos abrangidos pela direcção regional, a Câmara de Sernancelhe não fez nos meses de Verão as obras que qualificariam as salas de aulas e dignificariam o fornecimento de refeições», disse.
«A Câmara de Sernancelhe, também contrariamente às restantes, não se candidatou à realização de actividades extra-curriculares de enriquecimento cultural. Felizmente uma IPSS local fê-lo em vez da autarquia, pelo que os alunos vão usufruir dessas actividades», disse.
Garantindo que obteve «por várias vezes o compromisso do presidente da câmara de que o ano lectivo iria inicia-se em tranquilidade», Margarida Moreira disse que a DREN «verificou que não havia obras na escola e que a câmara não providenciou para que fossem servidas com dignidade refeições e garantidos os transportes escolares».
Para a directora regional, «a câmara perdeu mais tempo a tentar encontrar fantasmas do que a agir no âmbito das suas responsabilidades. Mas a DREN não entra em guerras de alecrim e manjerona».
A direcção regional convidou então os pais a reunirem-se com ela para apresentarem as suas queixas, tendo decidido, após uma última tentativa gorada de reunir com o presidente da câmara, assumir as responsabilidades financeiras da recuperação da escola, dado a autarquia já ter recebido dinheiro para o efeito e nada ter feito.
Apesar do episódio de Sernancelhe, Margarida Moreira considerou que o ano lectivo se iniciou de forma "excelente" nos restantes 85 concelhos abrangidos pela sua direcção regional.
No total, encerraram neste ano lectivo 884 escolas, tendo sido transferidos 6.480 alunos. Esta situação, disse Margarida Moreira, permitiu que haja um maior número de alunos (71 por cento do total) com horário normal, de manhã e de tarde.
Após o encerramento, ficaram em funcionamento 2.250 escolas na região Norte.