Depois de digeridas as acusações da Directora Regional de Educação do Norte, que na semana passada acusou a Câmara Municipal de Sernancelhe de não utilizar os fundos que lhe tinham sido atribuídos para renovar as escolas de acolhimento, o presidente da câmara José Cardoso rejeita as acusações e pede a demissão da directora regional.
José Cardoso rejeita todas as acusações e afirma que ofereceu instalações em diversos edifícios da câmara, salas que foram recusadas pelo ministério da Educação.
Em conferência de imprensa, o autarca social-democrata acusou Margarida Moreira de o ter «ludibriado», porque até ao início do ano lectivo pensou que a DREN estava disposta a trabalhar com a autarquia para arranjar as melhores condições.
A Câmara chegou mesmo a disponibilizar o Centro Municipal das Artes e a Casa da Criança, onde existem 13 salas, espaço para refeitório e cozinhas, até as escolas de acolhimento terem condições.
«Quem é que não estaria de boa fé depois de oferecer umas condições como estas? Passaria pela cabeça de alguém que não iam ser aproveitadas?», questionou.
José Cardoso lamentou que a directora regional tenha preferido «encaixotar dezenas de crianças em salas exíguas e sem o mínimo de condições», o que considera demonstrar «frieza, insensibilidade e falta de humildade para admitir o erro».
Antes da conferência de imprensa, dezenas de pais visitaram as instalações do Centro Municipal das Artes (inaugurado há poucos anos, com cinco salas) e da Casa da Criança (já concluída, ainda por inaugurar, com oito salas) e mostraram-se indignados por os seus filhos não estarem a ter aulas naqueles espaços.
Depois de ouvirem as declarações do autarca, os pais deslocaram-se ao agrupamento escolar para obter esclarecimentos, tendo sido recebidos pelos seus responsáveis.
«Disseram-nos que o presidente tem de enviar um ofício a formalizar a cedência», contou Carlos Teles, que, à semelhança dos restantes pais, admitiu não perceber o que se está a passar, porque, segundo o presidente da Câmara, as instalações já tinham sido cedidas em Março.
Responsáveis do agrupamento escolar negaram aos jornalistas que a autarquia alguma vez tenha oferecido as salas do Centro Municipal das Artes e da Casa da Criança a não ser hoje e confirmaram que a Câmara terá de enviar um ofício à DREN a disponibilizar os espaços.
No final da semana passada, a Directora Regional de Educação do Morte apontava o caso de Sernancelhe como sendo o único problemático num plano de reestruturação que levou ao encerramento de 900 escolas e à transferência de 6500 alunos.