O Presidente da República apelou, esta quarta-feira, a uma «cultura cívica de responsabilidade» em torno do combate à exclusão social, lembrando que esta é uma tarefa em relação à qual «ninguém pode colocar-se de fora».
«Todos somos responsáveis. As injustiças, os fenómenos de exclusão, as situações de miséria que existem no nosso país são uma responsabilidade de todos. Todos têm que ter consciência que esta é uma responsabilidade colectiva, ninguém pode colocar-se de fora, dizer `isto é com os outros», afirmou Cavaco Silva.
O Chefe de Estado falava na Moita, no último dos dois dias do Roteiro pela Inclusão que iniciou terça-feira na região da Grande Lisboa.
No balanço que fez desta iniciativa, o Presidente da República salientou como momentos mais marcantes a «dedicação extraordinária» dos voluntários com que contactou e o relato de «grande dureza» que ouviu de prostitutas.
«Quero sublinhar e enaltecer um bem que encontrei: o grupo de cidadãos voluntários que com uma dedicação extraordinária e grande entusiasmo procuram ajudar os outros, os mais desfavorecidos. É uma demonstração da vitalidade da nossa sociedade civil porque muitos assumem a causa da solidariedade», disse.
Cavaco Silva disse, por isso, ser sua obrigação «reconhecer publicamente um trabalho sério e silencioso» realizado por «cidadãos anónimos, procurando ajudar os mais desfavorecidos».
«Impressionou-me a forma séria como procuravam enfrentar os problemas e a forma organizada como esse voluntariado surge, de forma a tirar melhor partido da dádiva de cada um», acrescentou.
No final do périplo pela cidade de Lisboa e por algumas das suas periferias, no qual contactou com imigrantes, idosos, sem-abrigo e outros excluídos, o Chefe de Estado confessou-se impressionado com o relato que ouviu em privado, na terça-feira, de um grupo mulheres que «conseguiram libertar-se dos caminhos da prostituição».
No final de um dia quase inteiramente dedicado à imigração, o presidente da República afirmou ter sido seu objectivo «chamar a atenção para os problemas e as dificuldades» que estas comunidades enfrentam e para o «esforço colectivo» que deve ser feito para «reconhecer o contributo dos imigrantes para o desenvolvimento do País» e para «uma mais forte integração».
No Seixal, onde 15 a 20 por cento da população é imigrante (antes esteve no bairro do Vale da Amoreira, Moita onde essa percentagem é de quase metade), o Chefe de Estado apontou os «vectores para a integração», onde se incluem «educação, habitação, casa, qualidade do espaço urbano».
Num encontro que manteve com associações que promovem a integração de imigrantes no concelho do Seixal, ainda houve tempo para uma gargalhada presidencial: "Felicito a Câmara do Funchal pela sensibilidade demonstra… do Seixal, peço desculpa, mas ao fim do dia a pessoa já está confundida».