Jorge Sampaio espera que o facto de ter dirigido a edição dez mil do «Correio da Manhã» ajude os portugueses a ficar mais esclarecidos sobre a tuberculose. No editorial que escreveu, o ex-presidente recordou que 1,7 milhões morrem todos os anos com esta doença.
Jorge Sampaio espera que o facto de ter sido director da edição dez mil do «Correio da Manhã», que está esta sexta-feira nas bancas, ajude a que os portugueses fiquem mais esclarecidos no que toca à tuberculose.
Em entrevista à TSF, o Enviado Especial da ONU para a Luta contra a Tuberculose explicou que esta edição tem mais de 30 páginas dedicadas em exclusivo à doença.
«Têm um conjunto imenso de reportagens, iniciativas, depoimentos sobre pessoas que têm tuberculose, pessoas que apelam ao seu tratamento outros que colocam a questão na perspectiva da prevenção, dos cuidados a ter e do tratamento», adiantou.
O ex-presidente da República entende mesmo que este número especial do «Correio da Manhã» é um documento importante porque dá uma perspectiva da doença em Portugal e no mundo.
«É preciso saber que existe e sobretudo o que é preciso saber é que é uma doença mortal, mas é uma doença que tem cura», acrescentou Sampaio, que lembrou que Portugal precisa de continuar a sua luta contra a doença.
«Portugal tem de continuar o seu esforço e a sua coordenação como até aqui e temos de baixar a incidência que tenho a certeza que tem diminuído nos últimos anos. Ainda temos um caminho a percorrer que depende da atenção de todos e da abnegação, trabalho, estudo e coordenação dos serviços de saúde», concluiu.
Sampaio recorda que morrem 1,7 milhões de pessoas por ano com tuberculose
No editorial que escreveu, Sampaio recordou que, a seguir à SIDA, a tuberculose é a doença que mais mata no mundo, tirando a vida a cerca de 1,7 milhões de pessoas por ano, ou seja, cerca de cinco mil por dia.
Para o enviado especial da ONU, é necessário recorrer a «políticas de saúde, que aliás existem» para que a doença possa ser combatida mais eficazmente, políticas que «permanecerão ineficazes se a indiferença e ignorância continuarem a ocultar a doença».
No entanto, se o «preconceito e o medo persistirem na estigmatização dos doentes, se a pobreza e as desigualdades não forem combatidas, se a solidariedade entre os povos não for mobilizada» pouco poderá ser feito.
E «se não se vencer a indiferença, se não se investir em novos medicamentos e vacinas, senão for combatida a sério», então a doença «continuará a ser um grave problema de saúde pública à escala mundial».
Cinquenta por cento das receitas da edição dez mil do «Correio da Manhã» revertem a favor do combate à tuberculose.