O Ministério da Educação (ME) garante que a adesão à greve nacional de professores e educadores desta terça-feira foi de 39 por cento, e acusa os sindicatos de «mentir descaradamente» quantos aos níveis de participação no protesto. Os sindicatos afirmam que a adesão rondou os 85 por cento.
De acordo com o Ministério, a adesão à greve situou-se entre os 28 por cento no Algarve, o valor mais baixo registado, e os 52 por cento na região de Lisboa e Vale do Tejo, o mais alto nível de participação nas cinco regiões de Portugal Continental.
No total, a paralisação de professores e educadores de infância levou ao encerramento de 27 por cento das escolas do país, um número onde não estão inseridos os estabelecimentos de ensino da região Centro que não funcionaram hoje, um dado não divulgado pelo Governo.
«Estes são dados que as escolas nos transmitem, não são manipuláveis. Os sindicatos estão a mentir descaradamente quando falam em 85 por cento de adesão à greve», disse fonte do ME.
Sindicatos devolvem acusação
Confrontado com esta denúncia do Ministério da Educação. Paulo Sucena, da plataforma que professores que convocou a paralisação, devolve a acusação ao ministério e reclama uma «adesão na ordem dos 85 por cento».
«Desde que tomou posse o ministério não tem feito outra coisa a não ser insultar os professores e os sindicatos, e mentir descaradamente, para usar a mesma linguagem do ministério», salientou o sindicalista.
Os sindicatos afirmam que a adesão foi superior à registada na greve de 18 de Novembro de 2005, que tinha sido até agora a maior das realizadas desde de que a ministra Maria de Lurdes Rodrigues tomou posse.
Em comunicado hoje divulgado, o Ministério da Educação sublinha, pelo contrário, que «os valores registados até agora são, em algumas regiões, inferiores aos registados em greves anteriormente realizadas».
Valores da adesão por regiões
Na região Norte, o Governo avança com uma adesão de 32 por cento, com 24,6 por cento de escolas encerradas, enquanto os sindicatos apontaram para uma participação de 85 por cento.
No Centro, o ME afirma terem aderido ao protesto 51 por cento dos docentes, enquanto as organizações sindicais referem ter sido cerca de 90 por cento os professores em greve.
A divergência de números verifica-se igualmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o ME fala em 52 por cento de adesão, com 27 por cento de escolas encerradas, e os sindicatos contrapõem com valores de participação entre os 80 e os 85 por cento.
No Alentejo, a tutela adianta um valor de 33 por cento de adesão e 28 por cento de escolas encerradas, enquanto os sindicatos afirmam que a participação chegou aos 80 por cento.
Mais a sul, a participação no Algarve foi de 28 por cento, com 24 por cento de estabelecimentos sem funcionar, segundo o ME, mas os sindicatos apontam para valores acima dos 80 por cento.
Nas regiões autónomas, as organizações sindicais referem que cerca de 60 por cento dos professores madeirenses aderiram à paralisação, o mesmo acontecendo com 50 por cento dos docentes açorianos, mas o Ministério não divulgou qualquer dado sobre a greve nas ilhas.
A greve nacional foi decretada conjuntamente pelos 14 sindicatos do sector da Educação a 05 de Outubro, Dia Mundial do Professor, durante a marcha nacional de protesto, que reuniu em Lisboa mais de 20 mil docentes.