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Antigo director da PJ nega parcialidade

O antigo director da PJ de Lisboa Artur Pereira negou categoricamente, em Tribunal, que alguma vez tivesse intercedido por Carlos Cruz no âmbito da investigação do processo Casa Pia, acerca da qual teceu várias críticas.

O actual subdirector na Directoria do Porto da PJ foi categórico quando questionado se tentou ou não proteger Carlos Cruz, garantindo que nunca favoreceu nenhum arguido e que a única preocupação que teve foi fazer a investigação com rigor e imparcialidade.

A presença de Artur Pereira no julgamento do caso de pedofilia na Casa Pia foi requerida por Ricardo Sá Fernandes, advogado do arguido Carlos Cruz, a 24 de Maio passado, na sequência de declarações, nesse mesmo dia no tribunal, da coordenadora da investigação, Rosa Mota, feitas alguns dias depois por declarações do inspector-chefe Dias André.

Os dois criticaram em tribunal a actuação do seu superior hierárquico que hoje, na mesma cadeira, respondeu que «houve alguma falta de lealdade em relação à directoria de Lisboa» da PJ.

Na altura, a coordenadora da equipa policial que investigou o processo Casa Pia disse que foi pressionada por Artur Pereira para demover «de qualquer maneira» o Ministério Público a deter o apresentador Carlos Cruz.

Rosa Mota disse então que Artur Pereira argumentou que não existiam indícios suficientes para proceder à detenção de Carlos Cruz a 31 de Janeiro de 2003.

No seu testemunho Rosa Mota revelou outra situação que entendeu ser de pressão, ao dizer que o então subdirector da PJ de Lisboa, Paulo Rebelo, lhe propôs que pusesse a jornalista Felícia Cabrita em contacto directo com o arguido Carlos Silvino da Silva ("Bibi").

Menos de um mês depois, a 19 de Junho, também o inspector-chefe Dias André haveria de acusar o seu superior hierárquico de alguma ingerência, querendo sempre saber tudo quanto dizia respeito a Carlos Cruz.

Hoje, Artur Pereira garantiu que os investigadores tiveram todos os meios de trabalho de que a PJ dispunha (outra queixa dos inspectores, a falta de meios) e que tudo o que pediram foi despachado favoravelmente.

Depois explicou que a primeira vigilância que lhe foi pedida foi a Carlos Cruz, a 31 de Janeiro de 2003 (dia da detenção do ex-apresentador de televisão), e que ele só questionou o facto de apresentarem três moradas para vigiar.

O antigo responsável pela PJ de Lisboa negou ainda que não quisesse a inclusão de uma psicóloga na equipa, como se chegou a aventar por outros investigadores, e frisou que nunca teve com Dias André uma única conversa sobre casos concretos, incluindo o de Carlos Cruz.

De resto, acrescentou, nas reuniões com os investigadores, no gabinete de Paulo Rebelo, manifestava preocupações quanto ao rigor e imparcialidade e que os autos que analisaram eram exemplificativos, nalguns casos, dessa falta de rigor.

Quanto ao encontro entre Felícia Cabrita e Carlos Silvino disse que a direcção da PJ chegou a admitir esse encontro, que não seria uma entrevista, porque tinha como fundamental a colaboração do arguido, mas acabou por desistir.

A questão entre Dias André e Rosa Mota, por um lado, e Artur Pereira, por outro, não terminou hoje, já que o antigo responsável pela PJ de Lisboa pediu em Julho passado a extracção de cópias dos depoimentos dos inspectores para os processar criminalmente.

Redação