A greve nacional convocada pelos sindicatos da Função Pública não demove o Governo da estratégia de correcção dos desequilíbrios orçamentais. Teixeira dos Santos recusa, assim, a proposta de aumentos salariais na ordem dos 2,5 por cento, feita pelos sindicatos.
À saída da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, Fernando Teixeira dos Santos disse aos jornalistas que os sindicatos estão no seu direito ao convocarem uma greve, mas isso «não demove o Governo da orientação política para corrigir o grave desequilíbrio orçamental».
Para Teixeira dos Santos, os aumentos salariais de 2,5 por cento para a Função Pública propostos pelos sindicatos são incompatíveis com o esforço de redução do défice das contas públicas, que deve baixar de 4,6 para 3,7 por cento face ao Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano.
A proposta do Governo é de um aumento salarial de 1,5 por cento para a Função Pública, o que representa um acréscimo de 100 milhões de euros para os cofres do Estado, num ano em que se prevê que a taxa de inflação desça para os 2,1 por cento.
Segundo o ministro das Finanças e de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), nos últimos 10 anos os aumentos médios reais dos salários dos funcionários públicos foram 10 pontos percentuais superiores à média daqueles do sector privado.
O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) e a Frente Sindical da Administração Pública (FESAP) anunciaram hoje uma greve nacional para os dias 9 e 10 de Novembro para protestar contra a política negocial do Governo.
Questionado pelo deputado comunista Honório Novo, sobre a possibilidade do Governo vir a alterar a sua previsão de inflação para o próximo ano, depois de ter sabido que o INE reviu em alta os seus números sobre o índice de preços no consumidor, o ministro garantiu que a equipa das Finanças «está a analisar as implicações» dos novos dados do INE sobre as previsões de inflação.