A comissão da gestão das albufeiras revelou, esta quinta-feira à tarde, que o mês passado foi o segundo Outubro mais chuvoso dos últimos 15 anos. No balanço das cheias e do mau tempo, a comissão sublinhou os benefícios dos planos de controlo de cheias.
Se não existisse qualquer tipo de gestão das albufeiras, o caudal do rio Tejo, durante o temporal dos últimos dias teria atingido um valor record no dia em que choveu mais, defendeu a comissão.
O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, fez o balanço da coordenação entre diversas entidades durante a situação de cheia, após uma reunião da comissão de gestão de albufeiras, concluindo que «sem uma acção competente e eficaz entre os vários organismos as consequências teriam sido muito mais devastadoras».
Rui Rodrigues, responsável pela área de recursos hídricos do Instituto da Água (Inag) explicou que graças à acção das várias entidades o pico de cheia atingiu apenas 4.200 metros cúbicos por segundo, acrescentando que este pico poderia ter sido de 7.200 no caso de ausência de coordenação.
O técnico do Inag afirmou também que estas cheias têm em média um período de retorno (frequência) de quatro anos e que as albufeiras têm ajudado a controlar o regime de cheias.
Segundo o presidente do Instituto de Meteorologia, Adérito Serrão, também presente na reunião, Outubro foi o segundo mês mais chuvoso dos últimos 15 anos.
O mesmo responsável lembrou que a probabilidade de ocorrência destes fenómenos é cada vez maior.
O Instituto da Água e o Instituto de Meteorologia formalizaram hoje um protocolo para criar uma interface informática para trocar dados meteorológicos, disponibilizando informação em tempo real, que servirá para melhorar as acções de prevenção permitindo tempos de resposta mais curtos.
«Na fase inicial, as cheias aconteceram essencialmente nas pequenas bacias. Foram mais repentinas e tiveram um tempo de resposta muito curto, por isso, precisamos de aperfeiçoar a troca de informação», salientou o ministro Nunes Correia.
O governante notou também «que as pessoas se aproximam normalmente de sítios onde não devem estar», mas apesar de tudo assinalou uma evolução positiva no sentido de «um território menos densificado» para o que tem contribuído planos como os Directores municipais (PDM).
Nunes Correia adiantou, por outro lado, que os actuais planos de bacias hidrográficas vão entrar em fase de revisão, devendo o trabalho estar concluído em 2009.