Sem cartazes e em silêncio, os militares realizam na baixa de Lisboa o «Passeio do Descontentamento», em protesto contra os cortes orçamentais para a defesa, apesar da iniciativa ter sido proibida pelo Governo Civil de Lisboa e do Governo ter apelado ao bom senso.
A Comissão Organizadora manteve o passeio na baixa lisboeta, alegando que não se trata de uma manifestação, mas de um «encontro de amigos».
Centenas de militares dos três ramos das Forças Armadas participaram na acção, misturando-se com os transeuntes, muitos deles apresentando-se à civil e outros fardados.
Alguns deles concentram-se frente à Pastelaria Suíça, enquanto a maioria circula observando as montras das lojas daquela praça histórica de Lisboa.
O oficial na reserva José Fernandes Torres, porta-voz da comissão que organizou a acção de protesto, está presente fardado.
José Sócrates fez questão de lembrar, esta tarde, aos militares que participarem nesta iniciativa que estão sujeitos a consequências disciplinares.
O primeiro-ministro reafirmou que esta é uma manifestação à margem da lei.
«Em democracia deve valer a lei, que deve ser cumprida por todos. É a lei que garante a todos a liberdade, as manifestações são livres, mas as legais, não as que são ilegais», afirmou Sócrates.
«As Forças Armadas e o chefe de Estado-Maior consideraram que esta manifestação viola a lei, que põe em causa a coesão e a disciplina», acrescentou.
O protesto que decorre na baixa lisboeta foi proibido pelo Governo Civil de Lisboa.
Os militares criticam a redução de cerca de 50 por cento nas verbas para a despesa com a saúde dos militares e familiares, a diminuição de cerca de 25 por cento nas verbas destinadas às remunerações de reserva e a redução de cerca de 900 efectivos.