Os três centros regionais de alcoologia foram extintos no início de Novembro na sequência da nova Lei Orgânica do Ministério da Saúde. Para o director do centro do Porto a decisão prende-se como motivos financeiros. Já o Director-geral da Saúde garante que os centros não foram extintos, apenas as suas competências foram integradas no Instituto da Droga e da Toxicodependência.
A nova Lei Orgânica do Ministério da Saúde extinguiu, nos primeiros dias de Novembro, os três centros regionais de alcoologia, localizados no Porto, Coimbra e Lisboa.
Os centros, únicos no país, perderam autonomia e as competências que detinham foram transferidas para o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).
Rui Moreira, director do Centro de Alcoologia do Porto, considera que a decisão só se justifica por motivos financeiros. Ouvido pela TSF, aquele responsável considera que «é um erro político» integrar estes centros numa estrutura com o IDT.
«Os problemas ligados ao álcool são problemas ligados à saúde mental e, do ponto de vista técnico, é um problema da saúde e particularmente no âmbito da saúde mental», explicou Rui Moreira.
Segundo aquele responsável, não foi pedido qualquer parecer, nem aos centros nem a técnicos especializados, «que fosse conducente à extinção ou não extinção dos centros».
«Não me parece que houvesse um trabalho prévio, do ponto de vista saúde publica neste sentido», adiantou.
A TSF procurou ouvir o ministro da Saúde sobre esta e outras questões, relacionadas com apolítica de combate ao alcoolismo, mas Correia de Campos não se disponibilizou para uma entrevista.
Já o Director-geral da Saúde, Francisco George, garante que o aperto financeiro não foi o principal motivo que suportou esta decisão e defende que os doentes nem vão dar pela diferença.
«Não se trata propriamente de uma extinção. O que acontece é que os centros regionais de alcoologia do Centro, Norte e Sul, foram as respectivas atribuições integradas no IDT. Isto é, os trabalhos neste contexto não foram extintos, continuam só que agora integrados no IDT. O doente não dará pela alteração seguramente», explicou.
O presidente do IDT, João Goulão, entrega esta semana ao ministro da Sáude o modelo com que o IDT se propõe acolher os centros regionais de alcoologia e não quis, por isso, comentar esta situação.
À TSF, João Goulão reconheceu contudo que o combate ao alcoolismo em Portugal vive um momento de grandes definições.
Francisco George também promete mudanças e diz que em breve será actualizado o plano de acção contra o alcoolismo.
Mais de meio milhão de portugueses são dependentes do álcool que, em Portugal, mata 20 pessoas por dia.