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Novo programa nacional quer reduzir mortalidade

O novo programa nacional de combate à Sida propõe-se reduzir até 2010 em 25 por cento a mortalidade causada pela doença, diminuir o número de novas infecções e aumentar o diagnóstico voluntário, segundo os objectivos, esta sexta-feira, anunciados.

Na apresentação do documento, o coordenador nacional para a infecção VIH/Sida, Henrique Barros, salientou que um aumento da detecção precoce da doença e um encaminhamento mais rápido para os serviços de saúde vai «aumentar o número de pessoas em tratamento e o os gastos em tratamentos», mas é um ganho em «qualidade no futuro».

O novo Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infecção VIH/Sida 2007-2010 - que vai estar em discussão pública até ao final de Janeiro e concluído em Março -, determina ainda intervenções na prevenção da doença junto de grupos mais vulneráveis, como os toxicodependentes, bem como estratégias que aumentem o conhecimento sobre a doença de profissionais de saúde e da população em geral.

O sistema de notificação da doença é alterado, alargando-se dos médicos aos laboratórios clínicos e farmacêuticos.

A única meta numérica estabelecida no documento diz respeito à diminuição da mortalidade por Sida em 25 por cento, estimando-se também uma redução no número de novas infecções, ainda que Henrique Barros admita que o conhecimento sobre esta matéria em Portugal é «insuficiente».

«A meta é chegar pelo menos à meta europeia», afirmou Henrique Barros, acrescentando que, com menos 25 por cento da mortalidade por Sida, Portugal fica «abaixo da média europeia».

Questionado pelos jornalistas sobre os motivos para a mortalidade pela doença ser, em Portugal, superior à média europeia, apesar do acesso a medicamentos, Henrique Barros retorquiu que «provavelmente os doentes chegam muito tarde aos hospitais», devido a questões sociais como o «receio de dizer que têm a infecção porque podem perder o emprego ou os amigos».

Os objectivos do plano passam também por «tentar que as pessoas saibam o seu estado serológico mais cedo», procurando que "sempre que estejam em contacto com a Saúde lhes seja perguntado se querem fazer o teste" de detecção do VIH, precisou o coordenador nacional.

Henrique Barros advogou que «não há-de ser diferente fazer o teste da Sida ou o do colesterol», até porque, «hoje, um resultado positivo não é uma sentença de morte, é o início de um percurso que pode durar décadas».

«Mas é impossível que as pessoas queiram saber o seu estado serológico sem uma acção sobre a discriminação», advertiu Henrique Barros, pelo que o erradicar desta é também um objectivo incluído no documento que, tal como em muitas outras metas, propõe a articulação com várias entidades, desde ministérios a organizações sociais e privadas, para a concretização dos seus desígnios.

Em relação aos programas nacionais anteriores, o coordenador nacional adiantou que estão a ser avaliados, no âmbito de um protocolo entre o Alto Comissariado da Saúde e a Escola Nacional de Saúde Pública.

Redação