A Quercus acusa o Governo de canalizar a maioria das verbas do plano para os resíduos urbanos para a incineração, em vez de apostar na recolha selectiva. Em causa estão as metas comunitárias que o país tem de cumprir e toda a «gestão de resíduos em Portugal».
A associação ambientalista Quercus não aceita que o plano para os resíduos urbanos PERSU II, que entrou esta semana em consulta pública, preveja mais dinheiro para a incineração do que para a reciclagem.
Pedro Carteiro, da Quercus, acusa, em declarações à TSF, o governo de canalizar «a maior parte do dinheiro para a incineração, dez vezes mais do que está previsto para a recolha selectiva».
A versão do PERSU II para o período 2007-2013, prevê um financiamento de 924 milhões de euros para os resíduos urbanos, dos quais 300 milhões para a incineração.
Já para a recolha selectiva, estão previstos 33 milhões de euros, 3,5 por cento do investimento total.
Para Pedro Carteiro, o dinheiro seria melhor aplicado na procura de «formas de eficiência na recolha selectiva», como a «recolha porta-a-porta», sistemas integrados entre recolha indiferenciada e selectiva ou «sensibilização da população».
O ambientalista da Quercus diz mesmo que no campo da recolha selectiva «está quase tudo por fazer» e relembra que Portugal ainda se encontra «longe» das metas comunitárias que tem de cumprir.
A Quercus alerta também que o dinheiro destinado à matéria orgânica é «insuficiente» ao ponto de permitir que continue a ser descarregada nos aterros, com a consequente poluição das águas, libertação de maus cheiros e emissão de gases de efeito de estufa.
Numa carta dirigida ao Ministério do Ambiente, a associação ambientalista apela a que o plano de investimentos previsto seja alterado, defendendo que a proposta actual «compromete seriamente» os objectivos de reciclagem para Portugal e «mantém muitos dos problemas ambientais provocados pelos aterros».
A Quercus faz este apelo porque considera que, tal como está proposto, este plano é uma oportunidade perdida, já que inclui verbas «estratégicas que vão condicionar para sempre a gestão de resíduos em Portugal», remata Pedro Carteiro.